Diálogo e empatia contribuem para manutenção de um bom clima escolar

A ação conjunta de alunos, professores e funcionários é fundamental para a boa convivência e superação de desafios na escola 

Do que é feita uma boa escola? De professores comprometidos com a missão de ensinar? De alunos empenhados em aprender? De famílias investidas na importância de uma parceria com a escola? Todos esses elementos são muito importantes e têm em comum a construção de um bom clima escolar. Na semana em que celebramos o Dia da Escola, a Vivescer reforça que crianças, jovens, educadores e funcionários são parceiros na construção de um ambiente acolhedor para todos. 

Joice Lamb, coordenadora pedagógica da EMEF Profª Adolfina J. M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS) e eleita educadora do ano em 2019 pelo Prêmio Educador Nota 10, explica que a escola é um espaço humano, de convivência e da comunidade. Por isso, deve-se considerar como as pessoas se sentem nesse ambiente: “Se pensamos primeiro nos conteúdos a serem ensinados do que nas pessoas, estamos tratando-os como robôs, e a escola torna-se um lugar que só aplica matéria”. 

Essa reflexão conecta-se diretamente ao objetivo de cada instituição de ensino. Preparar alunos para provas e avaliações, por exemplo, fará com que se sintam apenas executores, sem a compreensão de conceitos mais amplos. “Se a escola se entende como um lugar onde crianças e jovens vão para, além dos conteúdos, aprender a viver em sociedade, a ser cidadãos, a pensar no país, no mundo e nos outros, isso vai se refletir no clima do lugar, porque as ações que os professores e os gestores pensarem serão baseadas nesses objetivos”, explica Joice. 

Os efeitos de um bom clima escolar

Antes de pensar em como construir um bom clima escolar, Joice deixa claro que isso depende da mobilização de pessoas que abraçam a proposta de pensar coletivamente nos desafios da instituição. Ou seja, o compromisso com a mudança vem antes da solução em si. 

A educadora aponta que um bom espaço de convivência, que respeita e acolhe a todos, também pode ser construído a partir de ações de valorização do trabalho, das ideias e posicionamento dos profissionais da educação e dos estudantes. 

“Quando o trabalho dos educadores daquela escola é valorizado e existe uma gestão democrática, espaço de participação e trabalho coletivo, o clima se transforma mesmo que os desafios sejam grandes. Para que seja uma escola agradável, acredito que a parte principal é as pessoas saberem que seu trabalho faz a diferença.”

Ouvir a opinião de crianças e jovens também é sempre relevante. Entretanto, com a volta das aulas presenciais, Joice reforça que, além de avaliações e sondagens para verificar a aprendizagem, é necessário promover momentos para que os alunos possam falar como estão se sentindo

Assembleias e outras ações 

Para a coordenadora, uma das melhores formas de engajamento é a criação de assembleias escolares, realizadas pela EMEF Profª Adolfina desde 2012. Nas assembleias participam pais, alunos, professores, funcionários e, por mais que cada grupo tenha seus debates próprios, é fundamental estabelecer um diálogo entre todos para que as decisões a respeito dos processos da escola sejam conjuntas. 

“Ir para um local de trabalho em que o desejo de transformação e de fazer bem é uma vontade coletiva transforma o clima da escola. Isso se faz quando existe uma proposta que é abraçada por todo mundo, o que acontece ao ouvir o que as pessoas têm a dizer, quais os problemas que se colocam e quais soluções são propostas.” 

A coordenadora também cita outras ações que contribuem para a criação de um ambiente agradável e acolhedor. A escola onde trabalha não conta com sinais sonoros, por exemplo. O tempo das aulas e dos intervalos são medidos no relógio, com o objetivo de não causar tensão na troca de aulas. 

O tempo de intervalo é outro fator. “Tem escolas que dão quinze minutos de intervalo para comer, ir ao banheiro e brincar, mas as pessoas precisam de mais tempo para se relacionar. Então é claro que os alunos ajudam na manutenção do clima, mas isso só é possível se a escola tiver uma proposta voltada a ouvir as crianças e jovens e compreendê-los.” 

As regras de convivência também desempenham um papel importante, desde que construídas conjuntamente. Joice ressalta que ser acolhedor não é sinônimo de não ter limites. Entender o que pode e o que não pode é papel dos alunos, professores e funcionários, e ajuda a compreender o espaço de cada um na escola. 

Fique por dentro: combinados de convivência

Além de colaborar para a construção de um bom clima escolar, os combinados de convivência atuam no desenvolvimento da autonomia dos alunos e apoiam os professores durante o ano letivo. 

Soraya Rosa, professora de Educação Física do Rio de Janeiro (RJ), conversou com a Vivescer e ensinou o passo a passo para organizar essa prática com turmas de todas as idades e disciplinas. Leia na íntegra!

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