Dia Mundial da Água: como ir além do discurso sobre fechar a torneira?

Alunos e professores podem trabalhar juntos em ações coletivas que incentivem a boa gestão do consumo de água na escola

Em fevereiro de 2022, o sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, estava com 42,5% de volume útil – o menor nível nos últimos seis anos para essa época. No interior do estado, rodízio no abastecimento e racionamento de água são temas recorrentes, que ano após ano acendem novos alertas para os brasileiros. 

Por isso, trabalhar esse assunto nas escolas não deve ser uma ação exclusiva do Dia Mundial da Água – celebrado em 22 de março –, mas uma prática recorrente que vá além do discurso sobre fechar as torneiras. 

Para Edson Grandisoli, consultor da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e diretor educacional do projeto de sustentabilidade Reconectta, o primeiro passo é entender que a água é um bem público e coletivo que precisa ser valorizado e preservado por todos, inclusive crianças. 

A água na escola 

Segundo o especialista, uma boa estratégia é colocar alunos e educadores como parceiros e protagonistas na busca por soluções para os desafios relacionados à questão hídrica, seja em pequena ou grande escala. 

Assim, Edson indica atividades mão na massa que incentivem o estudante a refletir sobre o uso da água no dia a dia. Um exemplo é a criação de uma planilha para registrar os valores diários no hidrômetro. “Isso concretiza em números a demanda de água que uma escola tem todos os dias. Pode-se dividir o total pela população da escola, dando a ideia do quanto cada um consome na escola por dia. A partir desses números, desafios de redução podem ser criados para toda a comunidade. É fundamental dar visibilidade ao uso dos recursos”, afirma. 

Outras ações possíveis são:

  • Coleta e análise de dados;
  • Rodas de conversa e debates sobre o tema;
  • Entrevistas com especialistas da região;
  • Criação de protótipos e projetos para reduzir o desperdício e/ou reaproveitar a água.

Debate contextualizado 

Para ir além do discurso sobre a importância de fechar as torneiras para economizar água, Edson ressalta que a temática não deve ser trabalhada de forma desvinculada ao que acontece na sociedade. Para ele, enchentes – como as vistas recentemente na cidade de Petrópolis (RJ) e no estado Bahia – e, por outro lado, a falta de água e as secas, não deveriam ser vistas apenas como problemas ambientais, mas também sociais. 

“Essas questões são consequências da forma como usamos ou abusamos da água, bem como da estruturação das cidades, do uso inadequado do solo e das desigualdades, no caso de pessoas que moram em áreas de risco, por exemplo.”  

Devido a sua extensão, o assunto pode render debates em diversas disciplinas, como Geografia, História, Ciências, Biologia e Sociologia. 

Também é possível promover desafios interdisciplinares e coletivos com crianças mais velhas. Na parede do pátio ou refeitório, os estudantes podem anotar o uso diário de água na escola, criando um senso de responsabilidade coletiva e incentivando toda a comunidade a atuar conjuntamente para combater o desperdício. 

Cidadania 

Acesso à água potável e saneamento é tema do sexto ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas), que tem como principal meta assegurar a existência de água potável e segura para todos até 2030. 

Nesse sentido, Edson pontua que discutir a temática caminha lado a lado com a cidadania: “Empresas, poder público e cidadãos devem se corresponsabilizar pela água de forma que as decisões devem ser tomadas por meio do diálogo e busca de consenso.” 

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