Como incentivar as aptidões pessoais dos alunos

Segundo especialista em Educação Criativa, professores podem propor práticas inovadoras para inspirar os estudantes e ajudá-los a descobrir forças e habilidades

O ensino médio é um período desafiador na vida dos adolescentes. São muitas mudanças e decisões ao mesmo tempo, o que pode gerar angústia e ansiedade. Como decidir o curso do vestibular? Qual carreira seguir? Essas questões estão relacionadas à percepção de gostos e aptidões pessoais, bem como à construção de um projeto de vida. 

Engana-se, entretanto, quem pensa que esse assunto deve ser abordado apenas nos três anos do ensino médio, momento em que o foco de muitos alunos está no vestibular. Renata Alencar, coordenadora pedagógica de formações do Instituto iungo e professora da PUC Minas Gerais, explica que a relação entre prazer, sentido de realização e projeto de vida é algo que não se restringe a esse período escolar. 

Na realidade, o tema pode ser trabalhado desde cedo a partir de atividades e exercícios, e, conforme a criança vai crescendo e se desenvolvendo, as ideias podem ser renovadas e atualizadas. 

Os professores podem colocar em prática algumas propostas que não necessariamente vão discutir projeto de vida, mas vão colaborar para pavimentar o caminho. Uma delas, por exemplo, é incentivar o protagonismo e autonomia do estudante, ampliando os espaços e oportunidades de participação. O importante, segundo a educadora, é tornar a participação e papel dos jovens algo consciente.   

“Outra maneira de traduzir muitas das inovações no ensino é evidenciar o diálogo entre teoria e prática, para que o estudante entenda o seu papel ativo na construção do conhecimento que estabelece relação com a vida, ou seja, pertinente com as situações que esse estudante vivencia”, afirma. 

O papel do autoconhecimento

Escolher uma carreira ou um curso para prestar no vestibular é uma questão muito conectada ao autoconhecimento. Descobrir seus gostos e potencialidades pode ser um caminho para, ao menos, o aluno entender com qual área do conhecimento mais se identifica. 

Renata dá dica de dois exercícios rápidos para exercitar o autoconhecimento: 

1. A pessoa deve pensar em três momentos da vida que teve uma profunda sensação de realização. A partir dessas lembranças, o estudante deve tentar mapear o que as situações têm em comum. “A resposta pode ser um rastro ou um pontilhado dessa rota da vida. O propósito pode estar escondido nesses momentos em que nos sentimos realizados.” 

2. A segunda dica foi extraída do livro “Roube como um artista – 10 dicas sobre criatividade”, de Austin Kleon, que propõe um exercício de genealogia criativa. A pessoa deve pensar em alguém que a inspira – um artista, filósofo, educador -, e pesquisar mais sobre a vida dessa pessoa. “Devemos nos perguntar: o que essa pessoa tem de especial que inspira a minha pessoa? E então conseguimos observar alguns picos da genealogia criativa. É um exercício simples, mas que já fiz várias vezes em sala de aula com os educadores que ajudei a formar e também com estudantes da área de comunicação e sempre dá um entusiasmo legal com as descobertas. É uma prática que nos permite conhecer sobre nós mesmos a partir de quem admiramos”, explica Renata. 

Aulas mais instigantes

Renata ressalta que promover maior participação e autorreflexão dos alunos também está relacionado aos modelos de aula do professor. Uma abordagem que caminha nessa direção é criar oportunidades de ampliação de repertório e de referências de vida. “O professor pode criar momentos inspiradores, além de diversificar suas estratégias pedagógicas. Isso vai ser ótimo para o estudante vivenciar o processo de aprendizagem ativa e para o professor conhecer melhor as aptidões e interesses de cada um.” 

Ao inovar nas estratégias, o docente incentiva o estudante a mobilizar diferentes conhecimentos, habilidades, valores e atitudes. Esse processo de conhecer melhor cada um dos seus alunos pode ajudar o educador a buscar alternativas e novas formas de apoiá-los em suas escolhas, bem como na compreensão de suas forças e fragilidades. 

No entanto, para isso acontecer, Renata chama a atenção para a importância da escuta ativa, com intencionalidade pedagógica. “A escuta é uma habilidade fundamental porque colabora diretamente com a criação de um circuito empático na escola. Esse entendimento sobre o que movimenta, interessa e gera curiosidade no estudante ajuda no apoio de trajetórias e escolhas.” Nesse cenário, é fundamental a criatividade para despertar a curiosidade dos alunos e motivar o engajamento da turma. 

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