Concursos para professores adotam prova prática para avaliar competências e didática
Entenda como o modelo de avaliação pode impactar na seleção de professores.
Muitas pesquisas já demonstraram que o professor é o fator intraescolar que mais impacta na aprendizagem. Mas como identificar e selecionar profissionais com saberes e competências para atender às expectativas e necessidades da rede de ensino? Além de provas objetivas, dissertativas e de títulos, secretarias do país têm adotado um novo modelo de concurso com prova prática para avaliar competências e didática dos candidatos.
Por entender que, além do conhecimento teórico da disciplina, a prática em sala de aula também envolve planejamento, gestão, processo de avaliação e estratégias para lidar com diferentes situações, a Secretaria de Educação do Estado do Ceará aplica avaliações práticas em seu concurso desde 2009. Depois de fazer uma prova objetiva de caráter eliminatório e classificatório, os professores aprovados para a segunda etapa participam de uma prova prática na qual desenvolvem um plano de aula e se apresentam aos avaliadores da banca para uma exposição de 20 a 25 minutos. Por fim, como critério classificatório, os candidatos passam pela avaliação de títulos.
Segundo levantamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), estabelecer diferentes instrumentos dentro de um concurso possibilita uma avaliação mais precisa dos candidatos. “É possível cumprir as exigências da legislação e as exigências acadêmicas mínimas para o exercício da profissão dando maior peso aos instrumentos mais eficazes, como as provas de conhecimento (objetivas, dissertativas ou redação) e a prova prática”, aponta o documento. E os custos dessa prática são considerados baixos pela organização em relação aos seus benefícios.
Na Secretaria Municipal de Educação de Joinville, seguindo o exemplo de redes estaduais (como a do Ceará) e municipais (como a de Sobral, cidade cearense), o edital lançado em 2022 passou a incluir a prova de desempenho didático na sua seleção. Durante o processo, depois de passarem pela prova objetiva e discursiva, os candidatos aprovados para prática tiveram que elaborar previamente um plano de aula e comparecer, no dia e hora marcada, para simular estratégias de aula. Para garantir condições equitativas, os participantes não poderiam utilizar qualquer aparelho eletrônico ou material, apenas quadro, giz branco ou caneta e apagador.
“Nós consideramos como critérios avaliativos a metodologia, a didática do professor e a estrutura do plano de aula que ele desenvolveu. A banca desenvolveu rubricas específicas para fazer essa avaliação”, explica Lucas Martins, coordenador de apoio à gestão na Secretaria Municipal de Educação de Joinville. “A prova prática permite que os melhores sejam de fato bem classificados e estimula o professor a buscar conhecimento e uma evolução enquanto candidato”, destaca.
A proposta de incluir uma etapa prática no concurso para professores, segundo ele, surgiu de debates da rede sobre como construir um estágio probatório mais eficiente. No processo para verificar se o servidor recém-concursado tem aptidão para ser efetivado, eles começaram a pensar em como estimular os educadores a participarem desde o início da carreira de mais formações continuadas e, dessa forma, desenvolverem competências relevantes para a sala de aula. Daí, surgiu também a necessidade de aprimorar a seleção.
Recém-formado na licenciatura em matemática, Alex Manoel Vieira foi um dos candidatos aprovados no último concurso da secretaria de Joinville. “Eu tive experiências de estágio, participei de projetos de extensão e de iniciação científica e já conhecia um pouco sobre o funcionamento da nossa rede de ensino”, conta o professor, que começou o mestrado em agosto de 2022.
Na preparação para a prova de desempenho didático, o educador diz que buscou muitas referências teóricas sobre o seu tema (números irracionais) e depois se aprofundou em estratégias pedagógicas para ensinar esse conteúdo aos estudantes do nono ano do ensino fundamental. Para desenvolver o seu plano de aula, ele conta que teve como referência o currículo do município. “Enquanto professor, eu acho que a banca foi uma ótima experiência. A prova prática me ajudou tanto a conquistar uma boa classificação no concurso quanto a me preparar para a sala de aula”, reflete.
Os resultados do novo modelo de concurso também foram satisfatórios, avalia Lucas. “Além de observar que os professores tentaram se capacitar e se preparar melhor para o concurso, percebemos que eles se envolveram mais no contexto de Joinville e entenderam um pouco da dinâmica da nossa rede. Eles entraram tendo noção do que era esperado pela secretaria”, conclui.
A escola precisa dos registros pedagógicos para construção didática
Os registros são fundamentais para acompanhar o desenvolvimento das aprendizagens e a partir daí buscar estratégias para potencializar essas aprendizagens.
O registro Pedagógico é relevante em todos os seguimentos da profissão de educador, pois é a partir dele que será elaborado o planejamento, que inclui a escolha da habilidade que precisa ser desenvolvida nos alunos, estratégias ou metodologias que mais fazem sucesso no grupo de educandos e as intervenções mais efetivas que contribua para a aprendizagem dos alunos.
Em 2009 participei de um processo seletivo que exigia a prova prática. Depois, quando teve o concurso não foi exigido. Incoerências do setor público.
Os concursos para a rede de ensino onde leciono não são bem elaborados. As questões são mal elaboradas, por vezes caem questões que não fazem referência a sua competência. O tempo de serviço não é válido. Nem os cursos de aperfeiçoamento. Nao são realizados aulas práticas. Alguns anos exigiram redação, outros não. É complicado.
A realização dos registros pedagógicos oportunizam uma ressignificção da prática pedagógica frente a estratégias de sucesso.