Como ajudar os alunos a reconhecerem suas emoções

Professores dão dicas de como trabalhar as emoções na sala de aula de uma forma lúdica e criativa 

Tristeza, medo, alegria, raiva, nojo. Nem sempre é fácil discernir as emoções e quais são os sentimentos que elas provocam em nós. Se essa tarefa já é um desafio para adultos, quem dirá para crianças e adolescentes que estão passando por um período de aprendizado sobre regulação emocional. Mas como ajudar os alunos a reconhecerem suas emoções e saberem se expressar melhor diante de situações cotidianas? 

De acordo com uma pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento, 34% dos estudantes estão com dificuldade de controlar suas emoções desde o retorno presencial das aulas. Esses dados foram levantados, no último ano, a partir da percepção de 1.308 responsáveis por 1.869 estudantes de escolas públicas de todas as regiões do país. 

“Quando voltamos efetivamente para a escola de forma presencial, sentimos a necessidade de trabalhar as questões socioemocionais de uma forma mais efetiva”, afirma o professor Ricardo Silva, que desenvolve atividades de apoio pedagógico na Escola Técnica Estadual Dom Bosco, no Recife (PE). “Muitos deles voltaram para a escola com gatilhos dos mais variados. Não é simplesmente uma demonstração de ‘eu estou triste’. São casos que às vezes levam até a desmaios e convulsões, e aí precisamos chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)”, conta. 

Para apoiar os estudantes nesses contextos, o professor tem investido em atividades que auxiliam não apenas no reconhecimento das emoções, como também no autoconhecimento e na construção de um PDI (Plano de Desenvolvimento Individual). “A partir do autoconhecimento, os estudantes são estimulados a escrever aquilo que buscam desenvolver ao longo de 2023”, explica Ricardo. 

O Plano de Desenvolvimento, segundo ele, é um instrumento construído a partir de perguntas orientadoras, que passam pelo reconhecimento de competências e habilidades, sonhos, metas pessoais, profissionais e acadêmicas etc. O trabalho ajuda os estudantes a se organizarem melhor para alcançarem seus objetivos, ao mesmo tempo em que traz subsídios para que eles aprendam a se conhecer melhor e gerenciar suas emoções, principalmente na fase de preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que costuma ser acompanhada de muita ansiedade. 

Uma construção diária 

Reconhecer e gerenciar emoções é uma tarefa diária. Na avaliação da professora Mahra Farias, coordenadora da EEMTI (Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral) Antônio Raimundo de Melo, em Carnaubal (CE), isso pode ajudar os estudantes em diferentes dimensões e fases da sua vida. “Estamos em um processo de construção. Por exemplo, quando pensamos no luto de perder pessoas que amamos, acho que ninguém vem com essa construção feita. Nós enfatizamos que não temos só emoções positivas. Precisamos também ser construídos e reconstruídos a partir das nossas emoções negativas. Desenvolver resiliência emocional, trabalhar a questão da assertividade e ter foco, tudo isso é importante”, cita.  

Por outro lado, não são apenas os estudantes que precisam de apoio para lidarem com suas emoções. Pensando nisso, ela também conduz na escola um projeto chamado “Laboratório das Aprendizagens Socioemocionais”, que é voltado para o desenvolvimento socioemocional do corpo docente. “O professor precisa acreditar nesse trabalho, por isso nós tentamos promover vivências com eles, para que possam sentir na pele as emoções e reverberem esse trabalho na sala de aula”, diz. 

A partir das recomendações dos professores, que foram ouvidos pela Vivescer, confira algumas sugestões de atividades simples e lúdicas para começar conversas sobre emoções na sala de aula: 

Pizza de emojis 

Divida um círculo em oito partes, como se fossem fatias de pizza. Em cada fração, inclua um emoji que representa uma emoção diferente, como alegria, tristeza e medo. Feito isso, peça para os estudantes rechearem os respectivos pedaços de pizza com desenhos e/ou palavras ligadas aos sentimentos que cada uma dessas emoções provocam neles. Também é possível pedir para que cada um lembre de momentos que já ficou triste, ansioso, feliz, nervoso, entre outros. 

Cubo das emoções 

Selecione seis desenhos ou emojis que representam diferentes emoções. Cole essas ilustrações nas faces de um cubo planificado e monte, formando uma espécie de dado. Como em um sorteio, jogue o objeto para cima para estimular conversas com os estudantes sobre as figuras que estão ali representadas e em quais momentos eles vivenciaram essas emoções. Também é possível seguir esse exemplo da professora Mahra Farias. 

Emocionômetro 

Utilize folhas coloridas para construir a representação de um termômetro. Para compor a escala de medição, troque números por desenhos relacionados às emoções, que podem ser desde fotos até personagens e emojis. Por exemplo, a raiva pode estar em uma extremidade, enquanto a alegria fica na outra. Coloque o termômetro das emoções em um lugar acessível para toda a turma e peça para os alunos marcarem qual posição mais combina com a maneira a qual estão se sentindo naquele dia. Eles podem fazer isso com adesivos, com massinha ou até mesmo com prendedor de roupa, entre outras formas. 

E aí, professor(a), o que achou da matéria? Deixe seu comentário aqui embaixo! 

Quer mais dicas? Acesse o nosso PDF ”5 Atividades para Regular as Emoções em Sala de Aula”, clique aqui.

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