Bem-estar do professor reflete na relação com estudantes, colegas e família

Anderson Menezes

Você consegue imaginar o que significa o período de provas e fechamento de notas quando se tem mais de mil alunos? Essa é a realidade de Anderson Menezes, um dos embaixadores da plataforma Vivescer. Professor de filosofia dos três anos do ensino médio de duas escolas de Ipatinga, em Minas Gerais, Anderson conta que a plataforma o ajudou não só a rever e a aprimorar suas práticas enquanto docente, mas a melhorar sua disposição, bem-estar e relacionamento no ambiente de trabalho e em casa.

Sua relação com a Vivescer teve início quando participou de um projeto do Instituto Península em parceria com a Universidade de Harvard (Estados Unidos) para a elaboração do livro “Desafios Reais do Cotidiano Escolar Brasileiro”. “Essa experiência foi de muito aprendizado e, depois disso, o Instituto manteve o contato com os professores que participaram e nós analisamos o primeiro leiaute da Vivescer, nos pediram ideias e sugestões sobre o que estava sendo construído, o que seria bacana aparecer na plataforma”, conta o professor.

Anderson conta que o trabalho em sala de aula mostra que em discussões sobre educação e formação docente, normalmente são debatidos aspectos mais acadêmicos, e a importância da interação fica de lado. “Fala-se sobre formação do professor, mas especialistas pensam apenas em formação acadêmica, cursos, uma formação voltada a diplomas, mas esquecem que o trabalho do professor é humano, é o tempo todo, é estresse, é preocupação, medo, alegria, tristeza. É algo muito intenso.”

Para ele, a criação de um espaço por e para professores é interessante pois reserva um ambiente próprio para o diálogo, além da atenção especial ao desenvolvimento integral do profissional da educação. “Essa formação, muito ligada ao desenvolvimento integral, nós não encontramos por aí. O trabalho envolvendo mente e corpo é negligenciado quando se fala de formação de professores.”

O bem-estar do professor em sala de aula
Assim como a maioria das pessoas que escolheram ser professores, Anderson conta que sua motivação principal são os estudantes: é em torno deles que gira seu planejamento, objetivos, ideias de projetos e preparação de aulas. Por isso, quando conheceu uma ferramenta voltada diretamente ao bem-estar do professor, com uma preocupação quanto a sua integridade física e emocional, passou a enxergar sua atuação em sala com outros olhos.

“Quando não estamos bem emocionalmente, a irritação, o cansaço e estresse acabam potencializados e refletindo em sala de aula e no aluno, sem a gente nem perceber. A ideia de primeiro me cuidar, analisar o que está acontecendo dentro de mim, cuidar do meu corpo e da minha mente para depois começar a lidar com os outros problemas de fora, é a melhor proposta. Isso tem me ajudado muito e contribui para o meu amadurecimento pessoal e profissional”, explica o professor.

Meditação e sobrecarga de trabalho
O trabalho em três séries diferentes e em duas escolas começou a atrapalhar o bem-estar de Anderson. Ele relata que, em época de fechamento de ciclos, correção de provas e trabalhos e entregas de notas, o cansaço era extremo e não se restringia ao corpo, mas também à mente. “Estresse, cansaço e nervosismo sempre foram constantes para mim. Nos fechamentos de etapas, eu chegava a um nível de esgotamento que não conseguia dormir. Depois que fiz a jornada emoções, comecei a usar um pouco de meditação para entender que eu posso me acalmar e fazer uma pausa, e as notas e provas vão continuar me esperando.”

Essa prática de realizar intervalos para refletir ou simplesmente afastar a cabeça do trabalho também contribuiu para seu autocontrole, de forma que passou a analisar seus comportamentos, inclusive com anotações sobre seus sentimentos, e a realização de comparações entre as situações do dia a dia. “A partir disso, passei a me olhar com um pouco mais de distanciamento e não simplesmente me deixar levar pelo momento. Pensar antes de fazer as coisas me ajudou muito na relação com os alunos, com colegas professores e também com a família.”

Para Anderson, a Vivescer é uma oportunidade de professores lembrarem que a escola não deve e nem pode resolver todos os problemas sozinha, e que, para um trabalho ser bem desenvolvido, faz parte do processo o autocuidado do professor. “A primeira coisa a se fazer é olhar para nós mesmos, resolver os nossos problemas, cuidar do nosso espaço, da nossa vida, arrumar tudo direitinho. Isso reflete na melhora do nosso ambiente, na vida profissional e nos relacionamentos.”

Anderson de Jesus Menezes é licenciado em Filosofia, especialista em Gestão de Pessoas e em Gênero e Diversidade na Escola, bacharel em Direito. Professor de Filosofia na E.E. João XXIII e Colégio Tiradentes da Polícia Militar em Ipatinga (MG). Vencedor da Categoria Ensino Médio, representando da região sudeste do Brasil na 9º edição do Prêmio Professores do Brasil.

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