Sala de aula invertida: quais os benefícios dessa metodologia inovadora?

Metodologia ativa coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem, promovendo mais engajamento e autonomia na hora do estudo

Foto de 2 alunos adolescentes e uma professora adulta. Os três estão na frente do quadro, enquanto um segura um tablet e outro escreve no quadro. A professora está sorrindo e apontando para algo na tela do tablet. Texto da imagem: Sala de aula invertida: quais os benefícios dessa metodologia inovadora?

Na pandemia, inúmeros avanços foram produzidos em um curto espaço de tempo, ao contrário do que aconteceria em condições normais. Grande parte dos professores e equipes pedagógicas migraram para o ambiente online e se depararam com um mundo de possibilidades. Além do uso de múltiplos sites, plataformas e ferramentas tecnológicas, os dois últimos anos também foram momentos para testar outras metodologias – uma delas é a sala de aula invertida. 

Do inglês “flipped classroom”, a sala de aula invertida compõe uma das metodologias de aprendizagem ativa, isto é, metodologias que colocam os alunos no centro do processo de ensino e aprendizagem enquanto protagonistas de suas próprias jornadas. 

Essa forma de conduzir a aula não nasceu em razão da pandemia, mas pôde ser testada no contexto das escolas fechadas. Isso porque a sala de aula invertida consiste, de forma geral, em fazer o melhor uso possível do tempo e dos recursos disponíveis presencialmente e a distância. 

Em outras palavras: antes da pandemia, o mais comum era que a turma lesse textos, por exemplo, durante a aula. E que os conteúdos fossem passados de forma expositiva – o professor falando e os alunos ouvindo. Em seguida, os estudantes recebiam o “dever de casa”.

Na sala de aula invertida, a lógica é, como o nome adianta, invertida: com a ajuda de ferramentas, plataformas e recursos diversos, os estudantes fazem um primeiro mergulho nos conteúdos em suas casas, individualmente. O momento presencial na escola fica reservado para a realização de atividades – individuais ou em grupo –, discussões, debates, plantão de dúvidas com o professor e retomada dos principais pontos do conteúdo em questão que podem não ter ficado tão claros. 

“O ganho é em qualidade e em tempo de interação na sala de aula. O professor passa a ser alguém que conversa mais, que ouve mais os alunos, diferente de uma aula que ele vai falar o tempo inteiro”, explica Marcelo Ganzela, coordenador e formador de professores do Instituto Singularidades, faculdade de Pedagogia na cidade de São Paulo (SP). 

Vantagens

A lógica por trás da metodologia da sala de aula invertida pode ser traduzida na otimização do tempo. Quem não lembra de fazer leituras individuais na sala, nas quais os professores determinavam as páginas a serem lidas para que, depois, os alunos respondessem perguntas? Ou de ficar mais de uma hora ouvindo o professor falar sozinho sobre determinado assunto? 

Não se trata de afirmar que essas estratégias não funcionam, mas sim promover o melhor uso do tempo em sala de aula, onde todos os alunos e o professor estão no mesmo ambiente. Ou seja, as leituras, pesquisas e momentos dedicados à compreensão do conteúdo ficam para serem feitos em casa. 

Entretanto, isso não quer dizer “abandonar” os alunos. Muito pelo contrário. A sala de aula invertida é uma metodologia estabelecida, e, por isso, existem técnicas para colocá-la em prática – como os roteiros elaborados pelos professores para dar suporte àquilo que os estudantes realizam sozinhos em suas casas. 

O coordenador Marcelo elenca alguns passos necessários para construir uma aula invertida: 

1. Definir o objetivo da aula;
2. Fazer a curadoria do material a ser utilizado em casa de acordo com a linguagem e faixa etária da turma;
3. Pensar na reflexão proposta para que o aluno faça em casa;
4. A partir da reflexão, desenhar o modelo da aula presencial. 

Ao fazerem as leituras previamente em casa, os alunos se preparam melhor para as aulas e chegam na sala com o conteúdo que não é totalmente desconhecido, aumentando as chances de participação. Em debates em grupo, por exemplo, são maiores as chances de trocas de percepções, o que também aumenta a possibilidade do surgimento de dúvidas, que podem ser esclarecidas pelo professor prontamente. 

Pontos de atenção

Apesar de ser uma metodologia que pode ser aplicada em diferentes faixas etárias, é necessário ter alguns cuidados. Marcelo explica que, a partir do ensino fundamental até o ensino superior, professores podem fazer uso da sala de aula invertida da forma como preferirem, pois as crianças, jovens e adultos já são maduros para entender as propostas. 

Especialmente para a educação infantil, os educadores precisam adaptar as propostas. “Curricularmente, educação infantil é um momento de aprender por meio de experiências. Então, eu não vou pedir para a criança assistir a uma videoaula em casa, mas posso pedir para que vivencie experiências com sua família e traga relatos para a sala de aula”, explica o coordenador. 

Outro ponto de atenção é a observação de quais conteúdos serão utilizados pelos estudantes em casa. No caso de conteúdos analógicos, por exemplo, é importante que a escola os tenha para compartilhar com os estudantes. Se os materiais forem vídeos, infográficos ou qualquer recurso envolvendo internet e tecnologia, é importante que os educadores certifiquem-se de que todos os estudantes têm esse tipo de acesso em casa. 

O coordenador também pontua que não se trata de uma metodologia a ser aplicada todos os dias, mas sim a ser usada com sabedoria, de forma a dinamizar as propostas. “Eu acredito que a aula invertida cabe para apresentar o tema, cabe em um ou outro momento para aprofundar. Se cada um vai fazendo isso de maneira regrada, se tem um planejamento orgânico da escola toda, o aluno não fica ocioso mas também não vai ficar estafado, ele precisa ter o tempo de viver a infância e juventude dele. Esse tipo de método é importante porque estimula o aluno a buscar a informação e se apropriar do conhecimento já em casa.” 

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