Abordagem transversal e conexão entre teoria e prática são caminhos para trabalhar meio ambiente na escola

Texto com a ilustração do globo terrestre segurado pelas mãos de uma criança pequena (entre 5 e 6 anos) e preenchido por elementos da natureza como árvores, barco, baleia.

A Vivescer ouviu educadores sobre propostas e projetos a partir de datas comemorativas do meio ambiente em junho, como o Dia Nacional da Educação Ambiental, Dia Mundial do Meio Ambiente, da Ecologia e dos Oceanos 

“Na minha época de estudante, pouquíssimo se falava sobre assuntos de meio ambiente na escola e, quando falávamos, era algo bastante pontual. Acredito que não só para mim, mas para todos os estudantes da época, isso promoveu uma lacuna na nossa formação, pois não estudamos os assuntos de forma gradual e relacionada às disciplinas.”   

A frase de Camila Bandeira, professora de ciências do Ensino Fundamental da rede particular de São Paulo e da educação jovens e adultos, mostra que, mais do que ficarem restritos às datas comemorativas, os temas ambientais devem marcar presença nos currículos de forma transversal. A educadora também reforça que o assunto deve ser prioridade no currículo da escola não só em determinadas faixas etárias, mas em todos os segmentos.  

Uma ideia para isso é inserir o tema no Projeto Político Pedagógico da escola ou desenvolver um grande projeto ao longo do ano, envolvendo diferentes disciplinas, como menciona Társio Souza, professor de geografia da rede municipal de São Paulo.  

“As datas de mobilização são importantes, mas, alinhadas com um projeto de série ou ao PPP (Projeto Político-Pedagógico), podem alcançar a maior potência. Um trabalho pontual alcança alguns alunos, geralmente aqueles que já trazem algum repertório cultural ou de vivência sobre o tema. Já um trabalho de equipe pode ter um impacto maior por ser mais sistemático, permitir diversificação das estratégias didáticas e socialização de diferentes percepções sobre o tema”, complementa. 

Promovendo conexões  

Camila e Társio compartilham a mesma visão mesmo atuando em redes e escolas diferentes. Isso porque existe uma lógica por trás da importância de inserir os temas ambientais no currículo escolar e trabalhá-los em diversas disciplinas além de geografia, por exemplo. Priorizar um currículo integrado, com conteúdos conectados e relacionados aos assuntos atuais tem maiores chances de encontrar ressonância e aderência junto aos estudantes.   

Uma dessas conexões acontece entre abordagens teóricas e práticas. Camila, que atualmente trabalha o ciclo da água com seus estudantes, cita que, atualmente, poucas imagens ilustram as interferências humanas nas ilustrações, restringindo-se ao lado teórico. “Isso torna a gente muito distante dos problemas reais. Nesse sentido, acredito que partir do que acontece na nossa sociedade é um ótimo caminho para que os estudantes pensem a respeito do meio ambiente de uma forma real e, a partir disso, possam estudar e elaborar ações para ajudar a minimizar os problemas.” 

Para Társio, a combinação entre essas duas dimensões do saber – teórico e prático – mobiliza que o estudante estabeleça um diálogo entre o conhecimento prévio, o que o ele pode aprender pela prática com orientação do educador e o que a teoria informa sobre as observações realizadas e registradas por ele.  

Engajamento e participação  

Muito se fala sobre a dificuldade de despertar o interesse dos estudantes diante de um mundo com múltiplos estímulos. Um caminho promissor, segundo Camila, é colocá-los em uma posição mais ativa perante seu aprendizado.  

“Nunca vi um aluno não se animar com propostas onde podem atuar diante de um problema real. Eles sempre me parecem muito disponíveis quando oferecemos um espaço para eles falarem, colocarem suas opiniões e posicionamentos. Assuntos que tenham algum tipo de proximidade com o cotidiano são sempre muito frutíferos.”  

Camila comenta que nesse cenário, os educadores devem mediar as ideias, dar suporte e embasamento teórico e elaborar propostas criativas, dinâmicas e abertas. Isso justamente para que os alunos sintam que existe um espaço seguro para que possam colocar e desenvolver suas ideias como verdadeiros protagonistas do processo de aprendizagem.  

Para Társio, a questão ainda vai além do protagonismo. Segundo o educador, os estudantes podem ser verdadeiros aliados na busca por propostas, novas ideias e projetos para endereçar os inúmeros desafios e problemas ambientais.  

“Penso que subestimamos a capacidade das crianças em compreenderem relações. Elas amplificam questões e, geralmente, trazem soluções mais radicais que nós adultos, porque atacam a raiz dos problemas enquanto nós, de alguma forma, aprendemos a conviver com eles, nos acomodamos, compactuamos. Por isso também são fortes promotores de ideias transformadoras quando ensinadas a amar e a cuidar do mundo em que vivem.”  

Fique por dentro  

Atualmente existem algumas iniciativas que promovem maior vivência e aproximação de crianças e jovens com os temas ambientais. É o caso da Restaura Natureza, Olimpíada Brasileira de Restauração de Ecossistemas. A iniciativa da WWF, que conta com apoio de diversas organizações, foi criada para promover a cultura e a vivência de restauração a partir da comunidade escolar alinhada à Década de Restauração de Ecossistemas das Nações Unidas. 

Além de um percurso que os estudantes participantes devem seguir, o site também conta com conteúdos formativos sobre cada tema da Olimpíada e planos de ação que servem como inspiração. São abordados temas como legislação de proteção, povos originários e tradicionais, mudanças climáticas, entre outros.

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Marque na agenda

Junho marca uma diversidade de datas relacionadas ao meio ambiente. Confira:  

3 de Junho: Dia Nacional da Educação Ambiental 

5 de Junho: Dia Mundial do Meio Ambiente e Dia da Ecologia 

8 de Junho: Dia do Oceanógrafo e Dia Mundial dos Oceanos

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