‘Eu e a Vivescer nos desenvolvemos juntas’
Rosiane Ribeiro Justino, professora da rede municipal de Joinville (SC), é uma das docentes que praticamente ajudou a criar a Vivescer. Seu contato com a plataforma teve início quando foi convidada a participar de uma roda de conversa, em São Paulo (SP), com professores de todas as partes do Brasil, que foram questionados sobre seus anseios, demandas e necessidades.
“Depois de um três ou quatro meses deste evento, fui informada que estava sendo planejada uma plataforma. Recebi o convite para avaliar o protótipo da Vivescer, e dei sugestões do que poderia melhorar, quais campos poderiam entrar ou sair. Participei tanto do primeiro lançamento, como do segundo, depois de o site ter passado por uma revisão. Para mim é um orgulho falar da Vivescer pois fomos nos constituindo junto”, explica Rosiane.
Segundo a professora, um dos temas discutidos durante a roda de conversa com outros docentes foi a solidão, que acomete os profissionais por mais que estejam sempre juntos e rodeados de colegas e alunos. “No meio dessa conversa, já começamos a perceber que o professor tem essa necessidade de compartilhar suas angústias e conquistas. E por mais que a gente esteja sempre junto, falta interação.”
Vida pessoal e profissional: o papel das jornadas
Acompanhar o desenvolvimento da plataforma desde sua concepção tem suas vantagens: Rosiane já teve a oportunidade de passar por todas as jornadas e percursos formativos propostos pela Vivescer. Apesar de gostar de todas, as que tratam emoções e propósito são as mais queridas. “Eu não sou a pessoa mais jovem, mas até então nunca tinha parado para enxergar meus sentimentos e emoções e o quanto isso influencia e está presente no meu trabalho e na minha vida. Foi por intermédio da Vivescer que comecei a prestar atenção nisso, como se fosse um despertar.”
Para a educadora, uma das frases mais usadas para descrever a plataforma e que faz sentido frente à sua proposta é “cuidar de você para cuidar do outro”. Na sua experiência com a jornada propósito, por exemplo, foi possível compreender melhor, esclarecer e direcionar alguns de seus objetivos de vida. “Eu vejo que a plataforma realmente tem essa intenção de nos conhecer. Depois que interagimos nesse espaço e com as jornadas, você não é mais o mesmo ser humano, pois há algo de novo”, afirma.
Além de percorrer as jornadas e interagir na plataforma, Rosiane também usa os conteúdos da Vivescer como inspiração para discussões em grupos de estudos com colegas de profissão, por exemplo.
Desenvolvimento do olhar integral
A experiência na Vivescer alterou algumas práticas com as quais Rosiane já estava acostumada. Uma delas é a realização de assembleias com os alunos. Se antes ela puxava para si a tarefa de tomar decisões, agora são os estudantes que discutem desafios do ambiente escolar e buscam soluções em conjunto.
Além disso, o check-in, ou seja, verificar como os educandos estão se sentindo seja no começo das aulas ou em avaliações, foi uma prática estendida ao corpo docente. “Eu adotei esse olhar de querer saber como a outra pessoa está. Na semana passada, uma colega me perguntou algo no WhatsApp e, antes de responder, falei ‘bom dia, como você está?’, ao que ela respondeu ‘Desculpa, chegou te pedindo coisas e nem falo bom dia!’. Esse movimento de olhar o outro de forma diferente, de sentir e tentar pensar o que há por trás do sentimento é algo que emergiu a partir dos conhecimentos adquiridos na plataforma. Eu me tornei um pouco mais humana.”
Atualmente trabalhando como integradora de tecnologia no espaço maker da escola, Rosiane afirma que consegue incentivar mudanças de mentalidade entre o corpo docente, sobretudo na hora do planejamento, reforçando a importância de colocar os alunos como protagonistas de sua própria aprendizagem.
Evolução
A suspensão das aulas presenciais em razão da pandemia de Covid-19 ocasionou um aumento expressivo no número de cadastros na Vivescer, explica a professora, por esse ser um espaço que verdadeiramente acolhe os docentes.
“Ser um professor formado, com suas próprias metodologias e dentro de sua área específica de conhecimento é muito bom. Mas se esse docente tem o lado humano bem desenvolvido, acredito que ele será excepcional e imbatível. Nós percebemos o quanto isso faz diferença para o profissional. Eu já fui muito conteudista, tive fases da vida em que queria cumprir currículo. Hoje a minha preocupação é garantir que o ser humano seja feliz, que se entenda, compreenda o outro e alcance seus objetivos e metas, por mais simples que sejam.”
Rosiane Ribeiro Justino é formada em pedagogia. Foi vencedora do prêmio Educador Nota 10 e autora de um dos casos publicado no livro Desafios Reais do Cotidiano Escolar Brasileiro. Atualmente atua como professora integradora de tecnologia na rede pública municipal de Joinville, Santa Catarina.
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