Dicas para lidar com o cansaço no fim do ano letivo

No momento mais agitado do ano, profissionais da educação precisam buscar motivação para terminar o ciclo escolar com sucesso

Correção de provas, recuperação escolar, aprovação e reprovação de estudantes, encerramento de projetos, planejamento do ano seguinte, entrega de relatórios: o final do ano letivo costuma ser um momento agitado para os profissionais da educação, que precisam estar preparados para lidar com o cansaço físico e mental e buscar motivação para terminar o ciclo escolar com sucesso.

Além de ser um período do ano em que o trabalho naturalmente se acumula, com os dias restantes do calendário diminuindo e a quantidade de entregas aumentando, há ainda uma “pressão social” para que em novembro e dezembro se realizem festas e celebrações com família e amigos, cuja presença é ainda mais valorizada do que em outros meses.

“Para impactar ainda mais na questão emocional, o final de ano virou um momento de pensar nas coisas que você não conseguiu fazer, o que não deu certo, com quem você gostaria de estar naquele momento e não será possível. Soma-se a isso as altas expectativas para fazer coisas memoráveis, inesquecíveis, que muitas vezes não condizem com a realidade. Tudo isso só aumenta o stress emocional e a sensação de ‘não estou dando conta’”, afirma a psicóloga, pedagoga e coordenadora de formações do Instituto Ame Sua Mente, Ana Carolina D’Agostini.

Para tentar “dar conta de tudo”, a rotina é bruscamente alterada nessa reta final do ano, o que gera impactos diretos no tempo dedicado ao descanso e ao autocuidado. “Na sociedade atual, o descanso é visto quase como pecado, costuma causar culpa. E especialmente nessa época do ano, há a sensação de que é preciso produzir muito, estar presente, senão não estamos performando conforme se espera.”

Estratégias para lidar com o esgotamento físico e mental

Para dar conta de tantas demandas e acúmulo de tarefas, os profissionais da educação podem utilizar diversas estratégias para aliviar as tensões, como as sugeridas e comentadas por Ana Carolina D’Agostini a seguir:

Realizar apoio entre pares

Deve-se incentivar ao máximo a parceria entre professores, criando momentos de compartilhamento e geração de ideias, para que não fique cada um lidando com as suas próprias questões. Principalmente nesse contexto, a inteligência coletiva é sempre superior à individual. O apoio mútuo, o senso de pertencimento e a troca de ideias são muito benéficas para aliviar essa carga emocional.

Buscar apoio da gestão escolar

A gestão deve olhar para esse momento de sobrecarga e esgotamento com muito cuidado. Deve-se perguntar com antecedência como podem apoiar os professores, como criar momentos de escuta e de maior leveza no cotidiano, incentivando práticas de autocuidado.

Criar metas realistas

Dentro desse cenário, é importante que o professor olhe para tudo isso e tenha metas realistas. Deve-se separar as tarefas entre aquelas que são urgentes e tem que ser feitas de maneira prioritária, e as que podem ser feitas com mais calma. E, ainda, as que podem solicitar ajuda. Isso é fundamental.

Equilibrar trabalho e vida

Também é essencial balancear o trabalho com atividades de lazer, esporte, cultura e socialização, assim como cuidar do sono e da alimentação. Esses fatores tendem a ser negligenciados quando os docentes estão com muitas tarefas e demandas. A ausência de tais cuidados tem impactos muito importantes para a saúde mental, tornando esse período do ano especialmente difícil.

Ser generoso consigo mesmo

Professores devem lembrar do trabalho árduo que têm feito, e ficar atentos para quando 

extrapolam seus limites. Essa é a hora de pedir ajuda e sinalizar para a escola que está difícil.

Impactos na aprendizagem

Os rituais escolares, assim como os da sociedade, prevêem uma série de festividades e encerramentos do ano letivo, que vão além das atividades docentes do dia a dia. Assim, professores se envolvem em preparativos, apresentações, eventos, formaturas e cerimônias, fatores que geram ainda mais acúmulo de trabalho e sensação de esgotamento. 

“É importante olhar o impacto que tudo isso gera no processo de ensino-aprendizagem. Um professor que está esgotado tem menos disposição para estar com o outro, seja com seus pares, outros funcionários ou até mesmo com os estudantes. E o vínculo dentro da escola é fundamental para a aprendizagem”, observa Ana Carolina. 

“Ao criar um ambiente mais positivo, com professores menos estressados e sobrecarregados, com mais motivação e se sentindo apoiados, eles tendem a ir de outra forma para a sala de aula. Isso traz benefícios claros para o engajamento dos alunos e para o clima escolar.”

Por fim, a especialista reforça a necessidade de reconhecer e apoiar os profissionais da educação, garantindo condições de trabalho adequadas, oferecendo suporte emocional e promovendo políticas públicas que visem melhorar o ambiente educacional. “Não somente no final do ano ou quando há uma emergência, mas ao longo de todo ano letivo”, sugere.

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