Formas criativas para trabalhar a cultura popular brasileira na sala de aula
Brincadeiras de rodas e cantigas podem fortalecer vínculos e apoiar processos de aprendizagem nas escolas
Quem nunca brincou de roda e entoou cantigas quando criança? Essas brincadeiras – lembranças que colocam um sorriso no rosto de adultos que observam outras crianças se divertirem – vão muito além de exercícios para movimentar o corpo e gastar energia: elas também têm uma relação íntima com a cultura popular de um país.
Flora Barcellos, educadora do Instituto Brincante, explica que a cultura popular brasileira é uma cultura de encontros, porque tem influência dos povos indígenas de diferentes regiões do país; de países africanos, uma vez que pessoas negras escravizadas trouxeram consigo sua cultura e costumes; e também de Portugal, a partir dos colonizadores.
A cultura da infância
É na infância, durante as brincadeiras, que as crianças criam uma cultura própria, um conjunto de gestos, cantigas e movimentos que compõem uma linguagem particular desse tempo da vida.
Considerando a etimologia da palavra cultura, que vem de “cultivo”, ela pode ser entendida como tudo aquilo que um povo ou grupo social gostaria de cultivar nas novas e próximas gerações. Nesse sentido, a infância é uma forma de manter vivos os costumes, as tradições e as brincadeiras. A educadora e musicista Lydia Hortélio, em seus estudos sobre brincadeira e cultura, explica que o brincar é um dos elementos fundamentais na construção de um espírito de brasilidade.
A relação com o corpo
Assumindo essa perspectiva, o corpo, por meio do ato de brincar, ganha importância vital como o veículo utilizado por crianças e adultos para transmissão, aprendizado e criação de cultura.
Retomando, novamente, à etimologia das palavras, brincar vem de “vincular”. O contato corporal – como dar as mãos em uma roda – é uma forma de criar e fortalecer vínculos. Esse processo é ainda mais importante nos dias de hoje, após um período extenso de isolamento social e fechamento das escolas.
Mediação e papel dos educadores
Para a educadora Flora Barcellos, o professor que tem vontade de trabalhar esse tema com seus alunos precisa de uma boa escuta e uma criança interior bem desperta.
Por isso, é sempre importante que os próprios educadores estejam em contato com o universo da cultura popular brasileira e com o universo da cultura da infância, uma vez que cada uma das tradições e brincadeiras traz um leque de conteúdos possíveis de serem trabalhados na escola.
Colocando em prática
Nesse sentido, trazer expressões culturais para sala de aula pode ser feito de muitas maneiras:
- Contando sua origem;
- Explicando como ela se relaciona com a história do país;
- Propondo um trabalho de pesquisa;
- Convidando os alunos a analisarem como determinada tradição os inspira e traz lembranças;
- Trazendo convidados para rodas de conversa;
- Promovendo debates sobre temas relacionados;
- Incluindo a linguagem corporal…
Para se inspirar
Trabalhar com a cultura popular brasileira também é uma grande oportunidade para os próprios professores se colocarem como aprendizes. O processo de realização de pesquisas sobre as diferentes culturas para elaborar as atividades é algo enriquecedor.
Separamos abaixo alguns exemplos de expressões culturais coletivas do Brasil, para você se inspirar a levar essa temática para escola:
1. Ritual do povo Fulni-ô – Pernambuco
Os Fulniô também são conhecidos na literatura histórica como Carnijós ou Carijós. A língua materna deles cumpre um papel importante dentro dos rituais sagrados.
2. Brincadeiras de casinhas – Vale do Jequitinhonha
Brincar de casinha faz parte do nosso universo cultural infantil. Mas as crianças do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, envolvem natureza e cultura nesse processo.
3. Tambor de Crioula – Maranhão
O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no Maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes.
4. Corridas de Tora das crianças Panará – Xingu
Corrida de Tora é uma corrida de revezamento muito comum entre alguns povos indígenas da família linguística Jê. Entre os Panará, pode acontecer durante a festa Suãpiu Tow ou como um jogo para trazer alegria.
5. Grupo Corpo – grupo de dança contemporânea de Minas Gerais
No espetáculo “Sem Mim”, a companhia realiza a releitura de tradições populares através do balé contemporâneo.
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Brincadeira de roda, pique esconde.
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muito bom o tema
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