Competências da BNCC: como trazê-las para a sala de aula?

Separamos algumas dicas que vão te ajudar nessa. Confira! 

A BNCC (Base Nacional Curricular) é o principal documento normativo para pensar os currículos escolares e as aprendizagens que vão ser trabalhadas no ano letivo. Entre os pontos importantes que todo professor precisa considerar para aplicar o documento em sala de aula, ganham destaque as competências gerais. 

Elas são definidas como “a mobilização de conceitos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”. Em outras palavras, as competências se referem à capacidade de aplicar vivências ou conhecimentos desenvolvidos em contexto escolar, para então resolver problemas na vida real.

No início, pode parecer um desafio para a sala de aula, mas há diversas formas dos professores trabalharem com competências. Eles podem partir, inclusive, da sistematização de práticas que já estavam acostumados a realizar com a sua turma. 

Professor de ciências da rede municipal de ensino de Santos (SP) e consultor pedagógico, Fabrício Cruz já fez diversas formações para educadores e gestores da rede. De acordo com ele, uma das estratégias para otimizar o trabalho de preparação das aulas é identificar, com o apoio de colegas, as habilidades presentes nos currículos escolares e as aprendizagens necessárias para transformar o conteúdo em habilidade sociais. 

“O maior desafio para o professor é o tempo para a preparação das aulas, que é reduzido. Nossa contribuição foi partir desse conhecimento, que já tínhamos da rotina escolar dos professores, e ajudá-lo a valorizar o planejamento como uma forma de desenvolver as competências no dia a dia”, conta. 

Gerente de articulação do Movimento pela Base, João Paulo Cêpa também destaca a importância do planejamento escolar para a mobilização de competências, principalmente em um momento em que professores ainda estão buscando recuperar os desafios trazidos pelo ensino remoto emergencial, que aconteceu durante o pico da pandemia de Covid-19. 

“Considerando que no ano de 2023 as redes estarão focadas nos processos de recomposição das aprendizagens, é importante identificar inicialmente as defasagens, por meio de avaliações diagnósticas. Durante o planejamento pedagógico, deve-se considerar quais são os conhecimentos prévios que os estudantes precisam demonstrar, quais devem adquirir em cada ano e quais ficaram para trás por conta da interrupção das aulas presenciais na pandemia”, orienta. 

Dicas para trabalhar as competências

Quais dicas poderíamos dar para que professores levem as competências para a sala de aula?

A seguir, João Paulo destaca algumas técnicas que podem contribuir para a organização no momento em que os educadores estão sistematizando seu ano escolar: 

1) Identificar o que já está presente no dia a dia

João Paulo aponta que o primeiro grande passo é que haja um olhar mais cotidiano para as competências. É preciso reconhecê-las na grade curricular. “Não é preciso um momento especial. As competências específicas por área estão relacionadas às competências gerais e às habilidades propostas para cada disciplina, o que ajuda a trazer o trabalho com as competências para um contexto específico. Refletir sobre como essas habilidades estão relacionadas às competências é uma primeira pista de como é possível trabalhá-las em sala de aula”.

2) Desenvolvimento de projetos especiais 

Professores podem pensar em atividades interdisciplinares ou no desenvolvimento de projetos em que alunos possam trabalhar competências diversas. “O trabalho por projetos, em que é preciso pensar na mobilização de conhecimentos para um fim específico, é um bom caminho e se aproxima da própria definição de competência na BNCC. Melhor ainda se houver possibilidade de pensar em projetos interdisciplinares, que apresentam saberes mais integrados”, lembra João.

3) Incentivar uma cultura colaborativa  

Trabalhos em grupo também contribuem para o desenvolvimento acelerado de competências. “É interessante tutoria entre pares, atividades em grupo onde estudantes mais experientes ou proficientes possam apoiar aqueles que estão com dificuldades de aprendizagem”, recomenda o gerente do Movimento pela Base.

4) Valorizar competências digitais 

João também recomenda o planejamento de atividades que valorizem competências digitais, que atravessam vários campos do conhecimento. A produção de podcasts, vídeos e textos online são alguns dos exemplos de atividades que contribuem: “É uma maneira de desenvolver a habilidade de comunicação e expressão dos alunos, além de permitir que eles apliquem conhecimentos de língua portuguesa ou matemática, por exemplo, de forma prática”, explica.

5) Situar alunos e alunas como protagonistas 

Olhar para os estudantes como o centro de aprendizagem é outra recomendação de João Paulo, que ressalta o papel do educador como um mediador. “Nesse arranjo, o professor é mais um tutor, que apresenta as ferramentas para que cada criança e jovem construa seu próprio percurso. A utilização de metodologias ativas apresenta inúmeras oportunidades aos estudantes de desenvolver autonomia, capacidade de argumentação e de se comunicar de forma efetiva, e desenvolver o pensamento crítico e criativo, facilitando a compreensão da realidade e a busca de soluções para problemas complexos e contextualizados”, recomenda.

E aí, professor, o que achou das dicas? Deixa aqui nos comentários!

 

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