Como planejar atividades e aulas inclusivas

Conheça atividades práticas para incentivar o respeito às diferenças, o acolhimento e a empatia na sala de aula

Conceitos como empatia, respeito e acolhimento são fundamentais para lidar com a diversidade em sala de aula e garantir a inclusão de todos os alunos. Para os educadores, além de assimilar o significado de tais conceitos, também é necessário ampliar a visão e envolver toda a comunidade escolar para planejar atividades e aulas inclusivas. 

A educação inclusiva é o pilar que expande o horizonte dos professores, explica Augusto Galery, coordenador de Gestão Educacional no Instituto Rodrigo Mendes. “Não se trata de uma ferramenta pedagógica, mas de uma forma de pedagogia para sair do lugar comum. Refere-se a romper barreiras para a participação das pessoas”, complementa.

Com pós-doutorado em psicologia social, o pesquisador e coautor do livro A escola para todos e para cada um (Ed. Vozes) afirma que um dos primeiros passos é mapear quais são os possíveis obstáculos na assimilação de uma aula ou atividade, sejam arquitetônicos, tecnológicos ou de comunicação, para então removê-los.

Nesse sentido, ele recorre ao chamado Desenho Universal para Aprendizagem (DUA), um modelo de planejamento pedagógico contínuo que visa o desenvolvimento de cada estudante, inclusive com apoio de mídias digitais.  O DUA indica três parâmetros interessantes para atender a todos os alunos: múltiplos modos de apresentação de conteúdo, múltiplas formas de expressão e múltiplas maneiras de engajar as pessoas.

O funcionamento do DUA

Vamos trazer, a seguir, os três parâmetros do Desenho Universal para Aprendizagem para a prática, de forma simplificada. Um educador propõe uma atividade relacionada a uma figura. Ele pode apresentar essa atividade de outros modos, por exemplo, em formato de texto e até mesmo por descrição verbal.

Avançando ao segundo parâmetro, o DUA propõe que os alunos sejam incentivados a se expressar de variadas formas, e a gama de situações é infindável. Há casos que podem demandar um intérprete de Libras; em outros, pode-se amenizar dificuldades sociais dando a oportunidade de um aluno dentro do espectro autista se expressar de forma individual em vez de fazer isso na frente da sala inteira, por exemplo.

Já dentro do terceiro parâmetro, fugir da lógica tradicional de aplicação de notas pode ser uma grande motivação para os alunos. Nesse caso, o medo de uma possível nota baixa pode ser substituído por um envolvimento mais profundo, como em uma atividade que utilize recursos de gamificação.

Um estudo de caso que vem do Pará

O município de Porto de Moz (PA) encontrou no calendário inclusivo uma iniciativa para trabalhar empatia, diferenças e equidade. Todas as escolas, sob orientação da Secretaria Municipal de Educação, adotam esse mapeamento, que inclui datas como o 14 de abril, Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva. As ações de conscientização vão desde a elaboração de palestras até a divulgação de vídeos, como foi feito no Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado no último dia 2 de abril (acompanhe as ações aqui). 

“É importante ressaltar que essa não é uma ação paralela. Ela está no planejamento das escolas, dentro do plano de ação da secretaria municipal de educação”, diz Marla Cristina de Lima Costa, professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE) na EMEF Rita Carvalho de Souza.

Isso permite que os temas relacionados à inclusão escolar se integrem aos eixos de conhecimento e às experiências relacionadas ao conteúdo escolar da educação infantil ao fundamental 2. “Desde cedo buscamos promover a inclusão de forma que os alunos sejam acolhedores, e os professores compreendam todo o processo, que requer a contribuição de cada sujeito no espaço escolar”, afirma a professora Marla.

Os especialistas destacam que o trabalho colaborativo entre os professores é indispensável, assim como o papel da direção em dar transparência e ajudar na compreensão de que o melhor para os alunos é aprender a conviver com a diversidade em sala de aula.

“Se não há sala de AEE, então a família vai ser fundamental para conhecer cada aluno, saber de suas limitações, dificuldades e habilidades. Assim definimos aonde queremos chegar”, diz a educadora de Porto de Moz (PA).

Galery acredita que o ensino construído em muitas mãos permite que o educador distribua o peso do planejamento. “É muito importante que a direção ou a coordenação pedagógica forneçam espaços para a troca de informações e o desenvolvimento de abordagens interdisciplinares”, afirma o pesquisador.

Listamos abaixo um resumo com dicas para planejar aulas inclusivas:

1 – Aproxime-se da comunidade escolar

2 – Conheça as barreiras de cada um dos seus alunos e desenvolva atividades de forma interdisciplinar e integrada. 

3 – Mude ou amplie os modos de apresentação do conteúdo, seja verificando a acessibilidade de materiais, seja flexibilizando ou adaptando o currículo escolar.

4 – Avalie os alunos de forma contínua, incluindo avanços diários e semanais. Reflita sobre quais são as motivações de quem está na sala de aula.

5 – Sempre que possível envolva as famílias nos processos

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Respostas

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  1. Muito interessante, precisamos sempre estar atentos a saúde mental, tanto de nos professores como dos nossos alunos.