Dicas para apoiar os estudantes no processo de alfabetização 

A alfabetização é considerada uma etapa decisiva para o desenvolvimento das crianças ao longo da sua jornada escolar. Estudos mostram que crianças bem alfabetizadas até o 2º ano do ensino fundamental têm 2,6 vezes mais chances de alcançar um nível avançado de aprendizagem no 5º ano.

Os dados são de uma pesquisa inédita desenvolvida pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES) da Universidade de São Paulo e pela Universidade Federal do Ceará, com apoio da Fundação Lemann e do Instituto Natura. Com base em indicadores da rede pública do Ceará e em projeções do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), o estudo comparou o desempenho dos mesmos estudantes quando estavam no 2º ano e no 5º ano do fundamental. 

Para reforçar a importância desse período, o governo federal, por meio do MEC, também lançou um compromisso para alfabetizar todas as crianças brasileiras até o final do 2º ano do ensino fundamental. 

“Existem muitos métodos e estratégias para trabalhar a alfabetização, mas eu considero que o mais importante é construir um ambiente positivo para que as crianças se sintam motivadas”, defende a pedagoga Daniela Muraska. A motivação do educador e a expectativa que ele tem em relação ao desenvolvimento dos estudantes também são aspectos fundamentais. “O professor precisa, em primeiro lugar, amar o que ele está fazendo. É importante acompanhar e curtir a evolução das crianças”, afirma. 

Em uma trajetória de mais de 35 anos em diferentes contextos educacionais, Daniela lembra de muitos projetos significativos que já foram desenvolvidos com as suas turmas. Um deles foi o “Conte um conto”, que incentivou os alunos a construírem um livro com as suas primeiras palavras. “No começo do ano, as crianças mal sabiam ler e escrever. No fim, elas já tinham um livro com pequenas histórias”, conta. A ação contou até com dia de autógrafos para celebrar a conquista dos pequenos. 

Para a professora alfabetizadora Luciene Mára de Lima, orientadora, articuladora e formadora no Programa Escolas Criativas na rede municipal de Jaguariúna (SP), a escuta das crianças também é fundamental na hora de desenvolver projetos voltados para a alfabetização. “É preciso ouvir os alunos para identificar quais são as suas preferências, gostos e paixões. Com isso você consegue criar um link com o currículo formal para alfabetizar”, indica. 

Luciene também adverte os professores para não caírem no equívoco de trabalhar a alfabetização em uma perspectiva individual. “O aluno não deve trabalhar sozinho o tempo todo. Ele vai fazer atividades individuais, mas também precisa trocar ideias com os colegas e desenvolver projetos baseados nos seus interesses. É isso que vai despertar neles o interesse de aprender a ler e a escrever.” 

Os educadores também não podem direcionar o seu trabalho exclusivamente para atender a avaliações externas. “Nós não trabalhamos para as avaliações, são elas que trabalham a nosso favor”, diz a educadora especialista em alfabetização. “Não adianta replicar modelos de avaliação na sala de aula, mas não oportunizar momentos de trocas de aprendizagem”, afirma. 

Confira algumas dicas apresentadas por Luciene Mára de Lima e Daniela Muraska para apoiar os estudantes no processo de alfabetização: 

Trabalhe com histórias

A imaginação e a criatividade são grandes aliadas no processo de alfabetização. Os professores podem tanto utilizar a contação de histórias para envolver as crianças durante as aulas, como também incentivar que elas criem suas próprias narrativas. Também é possível desenvolver projetos no Scratch, ferramenta de computação criativa que permite que crianças e jovens criem histórias, jogos e animações. 

Explore o universo da criança

Para criar atividades significativas, é importante que os professores conheçam os interesses e paixões dos estudantes. Uma abordagem eficaz é integrar as histórias pessoais e familiares das crianças nas atividades educativas, realçando elementos como nomes, locais, profissões e preferências pessoais.

Desenvolva atividades mão na massa

Os estudantes aprendem mais quando desenvolvem projetos em grupo, brincam, constroem protótipos, participam de jogos e preparam uma receita. Invista em atividades práticas e trabalhe com metodologias ativas para incentivar o protagonismo deles ao longo do processo de alfabetização. 

Envolva a família nas atividades

A participação familiar é essencial para o progresso dos estudantes. Inclua os pais em eventos escolares e sugira atividades para serem realizadas em casa.

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