Dicas para fazer uma boa sistematização de práticas pedagógicas

Especialistas defendem que registrar e compartilhar práticas pedagógicas é fundamental para o fazer docente 

Não é difícil encontrar entre os estudantes uma aula que ficou na memória. Pode ter sido por causa de uma explicação diferente do professor, ou até mesmo de uma atividade prazerosa. Mas, muitas vezes, os registros desses momentos não acontecem, e os professores perdem a oportunidade de sistematizar as suas boas práticas pedagógicas.

Na hora de documentar tudo o que foi realizado em sala de aula, o excesso de trabalho e a ausência de espaços formativos nas escolas podem ser barreiras enfrentadas pelos educadores. Dados de um levantamento realizado pelo IPEC -Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, sob encomenda do Todos pela Educação, mostram que pelo menos 71% dos professores brasileiros estão estressados pela sobrecarga de trabalho. 

Mesmo diante desse cenário, a especialista em educação Ester Calland de Sousa Rosa, professora associada do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais, do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco,  defende que o momento reflexivo é fundamental e deve fazer parte da carga horária de trabalho dos docentes, inclusive com apoio e reconhecimento da gestão. 

“Refletir sobre a prática, especialmente em espaços coletivos com trocas de experiências, é fundamental para romper com os automatismos que apenas reproduzem práticas, e não contribuem para a inovação e a superação de limites que ainda persistem na realidade educacional brasileira. A questão das jornadas de trabalho em sala de aula precisa ser enfrentada se quisermos atingir as melhores metas nas avaliações de ensino em larga escala.”

Coautora do livro “O fazer cotidiano na sala de aula: A organização do trabalho pedagógico no ensino da língua materna”, em que traz recomendações sobre o planejamento e o registro de atividades, Ester destaca que o desenvolvimento de práticas inovadoras só é possível a partir do reconhecimento do protagonismo docente. 

De acordo com a professora, esse protagonismo só acontece quando a equipe escolar se transforma em uma comunidade de trocas para fortalecer a atuação dos professores. “Muitas pesquisas evidenciam que não se trata apenas de mudanças nas metodologias de ensino ou nos recursos didáticos. É preciso reinventar as práticas docentes a partir do fortalecimento de redes de auto formação e da aproximação entre as produções acadêmicas e a sala de aula.”, reflete Ester. 

Dicas para sistematizar práticas pedagógicas

Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Verônica Belfi Roncetti Paulino indica alguns caminhos para que professores possam registrar suas práticas e compartilhar com colegas, de forma que a experiência ajude a pensar em uma educação mais criativa e inovadora. Confira: 

Faça registros enquanto a experiência acontece

Professores podem registrar as atividades já durante a aula, como uma forma de enxergar a sala como um espaço vivo de interação. Verônica destaca a importância de pensar em dinâmicas em que haja a participação ativa dos estudantes. “É preciso pensar em uma docência que se constitui no encontro com o outro (estudantes), ou seja, é importante o docente considerar que a profissão é interativa”, explica. 

Procure espaços de troca

É importante encontrar comunidades, grupos, cursos e espaços em que professores possam ser incentivados a trocar suas próprias experiências. Estar em constante aprendizado estimula a busca por aulas mais instigantes. 

“Buscar espaços de formação continuada que tenham como perspectiva o diálogo, isto é, compartilhar os anseios, frustrações e perspectivas da profissão, permitem que o professor sinta-se amparado diante dos desafios da docência”, observa Verônica. 

Acompanhe documentos educacionais

Hoje, o professor pode contar com uma gama de documentos oficiais, como a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que contribuem para o aperfeiçoamento do seu exercício profissional. Verônica explica que isso também pode ajudar na hora de criar métodos para registrar o que já foi testado em sala de aula. 

“O caminho para a transformação requer o conhecimento teórico e o cotidiano crítico da profissão docente. Desse modo, compreender a legislação educacional e os documentos oficiais, além do aporte teórico, é de suma importância para os profissionais docentes”, reflete. 

Promova a escuta sensível dos estudantes

Viviane ainda destaca a importância de compreender as experiências dos alunos diante das práticas pedagógicas implementadas: o que acharam e quais foram as principais dificuldades? Para a pesquisadora, só o processo de escuta dos discentes pode levar a uma prática inovadora. 

“Conhecer os estudantes a partir de uma perspectiva histórica, social e dialógica, a partir de referências da filosofia da linguagem, como Mikhail Bakhtin, faz toda a diferença para os docentes. Com efeito, isso contribui para um olhar mais ampliado na hora de pensar na sistematização das práticas”, explica Verônica que, em sua pesquisa de doutorado, estudou a participação de jovens na construção de projetos pedagógicos da escola. 

Respostas

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  1. pesquisas, da seca do rio tapirape que e na cidade local,que toda epoca de outubro a dezembro acontece uma grande seca que o leito do rio fica em poços chegando ate morrer os peixes devido a quantidade pouca de agua e oxigenio .eu um trabalho de urgencia que deve ser desenvolvido nas escolas desta comunidade escolar.

  2. Fiz uma roda de conversa com meus alunos que estavam muito agitado, e ganhei a confiança deles.Foi uma maravilha. Ideia reproduzida de um curso que eu fiz no vivessem.