Emergência climática é tema urgente e necessário para a escola
Confira dicas para despertar a consciência ambiental dos alunos
Não há dúvidas de que a emergência climática é um dos temas mais importantes da atualidade. Enquanto o planeta enfrenta extremos climáticos, como o aquecimento global, a desertificação dos solos, chuvas e nevascas intensas e o aumento do nível dos oceanos, as autoridades globais têm se esforçado – talvez não o suficiente – para evitar que os danos à natureza e aos ecossistemas sejam irreversíveis. Ao mesmo tempo, jovens de todo o mundo realizam protestos, pois são eles que herdarão problemas futuros.
Com esse cenário preocupante, torna-se cada vez mais urgente e necessário levar a discussão sobre emergência climática para a escola, de forma interdisciplinar e conectada ao currículo. “A pauta climática une absolutamente todas as pessoas e os seres vivos do planeta. As instituições de ensino e os educadores devem informar e estimular o desenvolvimento de ações de enfrentamento a essa realidade”, defende Edson Grandisoli, diretor do movimento Escolas pelo Clima.
Emergência climática como prioridade
Apesar das evidências apontarem para a atividade humana como a grande responsável por este fenômeno, Edson diz que grande parte da população mundial está à margem desse debate, “cética quanto às suas conclusões e, ao mesmo tempo, sofrendo suas consequências.”
Hoje, uma escola que se preocupa com a situação atual deve elencar a emergência climática como uma de suas temáticas prioritárias. A partir disso, crianças e adolescentes poderão entender seu papel diante da crise, desenvolvendo senso crítico e comunitário.
“Isso dialoga diretamente com o contexto e as necessidades de cada instituição”, aponta Edson. “Esse trabalho é fundamental para promover o letramento científico, valorizando o papel da ciência na busca por soluções para desafios comuns, tanto locais como regionais, e formando novos cidadãos que se sintam corresponsáveis pelo futuro do planeta.”
Discussão interdisciplinar
No chão da escola, a educação climática pode ser o fio condutor de diversas atividades interdisciplinares, em todas as etapas de ensino. “Pensando no ensino infantil, o trabalho não precisa tratar da complexidade do tema, mas já se pode aproximar os estudantes das questões de meio ambiente e natureza”, sugere Edson. “Promover vivências já ajuda a formar um novo indivíduo que valoriza a natureza, entende que ele faz parte dela.” Nessa etapa, atividades como a construção de uma horta escolar ou trabalhos com questões relativas ao uso da água e da energia são boas escolhas para os educadores.
Na medida em que se encaminha para o ensino fundamental, a intenção deve ser a de, gradativamente, aprimorar o olhar para a relação que temos com o ambiente, chegando no momento no qual a mudança climática será um dos temas centrais. “Apenas um componente não dará conta de discutir um desafio socioambiental desse tamanho”, afirma Edson. “Precisa ter contribuição de ciências, biologia, química e física, mas também de outras áreas do conhecimento, como matemática, história, ciências humanas, e por que não, da filosofia e da sociologia. A mudança climática fomenta uma discussão verdadeiramente interdisciplinar.”
Educação para a tomada de consciência
Para a professora da Universidade Federal do Sul da Bahia, Joana Angélica Guimarães da Luz, é sempre importante conectar a questão climática ao cotidiano da escola e da comunidade. “É difícil para as pessoas tomarem consciência sobre esse tema sem que isso esteja vinculado ao seu entorno. É importante questionar como e onde as pessoas moram, como elas se relacionam com o ambiente que as cerca”, avalia a educadora.
Para ela, é fundamental que crianças e adolescentes adquiram a consciência de que o futuro do planeta depende de uma mudança de atitude em relação a forma como lidamos com nossos recursos naturais. “Essa tomada de consciência só vem com uma educação voltada para pensar essas questões e qual o papel que queremos e vamos desempenhar na sociedade.”
A Política Nacional de Educação Ambiental, estabelecida em 1999, afirma que todo indivíduo tem o direito à educação ambiental formal e não-formal, em todos os níveis e modalidades de ensino.
O projeto voluntário Sementes Ativas, em vigor no Colégio Argus, localizado em Santo André (SP), mostra aos estudantes do ensino médio a importância da preservação do meio ambiente e, ainda mais, do reflorestamento dos ecossistemas. À frente da iniciativa está a professora de biologia, Joelma Ruano. “A emergência climática é urgente. Não tem mais como a escola não abordar esse assunto”, opina.
“Se não aproximarmos os jovens dessa realidade e trazê-los para perto, não vão compreender o tamanho desse problema. Percebo um grande interesse e preocupação crescente deles em relação ao meio ambiente, mas percebo também que o papel do professor como mediador do conhecimento é essencial para que o estudante compreenda de fato o que está acontecendo em relação às mudanças climáticas”, conclui Joelma.
Dicas para colocar em prática
A partir da reportagem, confira algumas dicas trabalhar emergência climática na sala de aula:
1- Trabalhe o assunto de forma interdisciplinar e conectada ao currículo;
2- Estimule o protagonismo dos estudantes na busca por soluções;
3- Promova o letramento científico da turma enquanto trabalha essa questão;
4- Aproxime os estudantes das questões do meio ambiente e da natureza;
5- Amplie o olhar dos adolescentes e jovens sobre a nossa relação com o meio ambiente;
6- Conecte a questão climática ao cotidiano da escola e da comunidade.
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