Redes sociais em sala de aula: proibir ou concentrar esforços na mediação?

Diante de incertezas da exposição dos alunos a conteúdos na internet, professores podem encontrar caminhos para o uso ético e produtivo das redes sociais durante as aulas 

Desinformação, comunidades com conteúdos de ódio, vídeos e imagens que cultuam padrões inalcançáveis, e pouco saudáveis, de beleza. As redes sociais têm despertado a preocupação de pais e da comunidade escolar devido ao excesso de conteúdo inadequado que chega até crianças e adolescentes, gerando problemas de convivência e de autoconhecimento. Mas qual é o papel da escola diante desses questionamentos? Banir o uso é o melhor caminho? 

Enquanto não há uma única resposta, especialistas contam quais são os pontos de atenção em jogo, além de destacar o que pode ser feito para uma aproximação maior entre a escola e a internet. Afinal, ignorar ou proibir o uso dos alunos com o celular em sala-de-aula, nem sempre, é o recomendado. 

Redes sociais como fonte de informação

Diante dos usos das redes sociais para acesso à informação, a escola pode ocupar um papel de mediadora dos processos de aprendizagem que os alunos adquirem por meio de seus usos individuais das redes sociais. 

Nas últimas décadas, com os avanços do acesso a plataformas digitais, organizações dedicadas ao ensino têm estabelecido conceitos que ajudam a entender qual pode ser o lugar da escola na relação entre juventude e ambientes digitais. 

Dados da pesquisa TIC Educação Kids Online Brasil 2021, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.Br), mostram que 78% das crianças e adolescentes conectados usam redes sociais no país. E a escola tem participado desse processo: 81% das instituições de Ensino Fundamental e Médio incluem no currículo atividades sobre o uso seguro, responsável e crítico da Internet.

Coordenadora do projeto TIC Educação, do Cetic.Br, Daniela Costa diz que os dados apontam como é importante a escola contar com o apoio de outros setores da sociedade para acompanhar o uso das redes sociais. 

“A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2021 apresentou evidências de que a escola é uma fonte de referência sobre o uso seguro da Internet para os pais e responsáveis de 43% das crianças e dos adolescentes que usam a Internet. Tais iniciativas poderiam abranger ainda mais famílias com políticas governamentais, da sociedade civil, de universidades, entre outras instituições, que fortaleçam as escolas para que

sejam centros de disseminação de conhecimentos sobre esse tema”, afirma. 

Apoio e mediação dos professores

A pesquisadora também destaca dados da pesquisa que indicam a importância de ampliar a participação de professores nesse debate: apenas 37% dos educadores que lecionavam em escolas de Ensino Fundamental e Médio já haviam participado de formação continuada sobre formas de orientar os alunos sobre o uso seguro do computador, do celular e da Internet. 

Por outro, eles já participam de situações reais que são consequências da exposição a conteúdos nocivos nas redes sociais: 49% dos professores afirmaram que haviam auxiliado os estudantes no enfrentamento de situações sensíveis na Internet, como uso excessivo de jogos e tecnologias digitais (32%), discriminação (22%), ciberbullying (22%), assédio (14%) e disseminação e vazamento de imagens sem consentimento (12%). 

“É importante que os educadores se apropriem das plataformas e aplicações digitais, especialmente daquelas mais utilizadas pelos estudantes, e que as levam para a sala de aula como forma de discuti-las e analisá-las criticamente. Elas podem inclusive servir como recursos pedagógicos, mas tendo sempre a consciência sobre o que significa ocupar esse espaço nas plataformas e aplicações, o que significa se apropriar da linguagem das redes e mídias sociais, com um olhar atento sobre como qualificar conteúdos positivos ou negativos, que veiculam preconceitos, discurso de ódio, violência e assédio.”, destaca. 

Dicas para mediar e promover um bom uso de redes sociais 

Com base na lista criada pelo MindHandHeart, em parceria com o Student Mental Health and Counseling Services no MIT Medical (Estados Unidos), reunimos algumas dicas disseminar o uso saudável das redes sociais entre os estudantes: 

1- Incentive os estudantes a fazerem três perguntas antes de comentar ou postar alguma coisa: É verdade? É necessário? É gentil?; 

2-  Mostre para a turma como é importante vivenciar o momento, além de fazer registros; 

3- Promova o debate sobre comparações e seus efeitos. Mostre que o ambiente das redes sociais pode ser mais mais saudável quando utilizado para conexões genuínas; 

4- Ajude os estudantes a selecionar melhor os conteúdos que eles consomem nas redes, verificarem informações confiáveis e filtrarem as pessoas que eles seguem; 

5- Converse sobre a hora de fazer pausas e indique caminhos para que eles reduzam o uso prolongado; 

6- Fique atento e indique a busca de apoio especializado, caso perceba que algum estudante está enfrentando ansiedade, depressão ou qualquer outro problema decorrente do uso das redes. 

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Respostas

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  1. Muito bom nossos alunos estão muito envolvido com a internet ,a mesma trás benefício mas também prejuízo