Como lidar com a recuperação de aprendizagens no fim do ano
Cléa Maria, consultora e doutora em educação explica como a boa curadoria de conteúdos, aliada a estratégias que incentivam o protagonismo dos estudantes pode ajudar a promover mais aprendizagens no encerramento do ano letivo
Dizer que 2022 foi um ano diferente não é o suficiente para descrever o tamanho do desafio que o primeiro ano letivo depois da pandemia de Covid-19 representou para todas as pessoas envolvidas com educação. A volta ao presencial, depois de dois anos em casa, mostrou que o ensino remoto de fato não incluiu todos os estudantes e muitos dos que tiveram a oportunidade de estudar em casa não aprenderam todos os conteúdos da forma prevista e desejada.
Com isso, termos como defasagem, reforço, recuperação e recomposição da aprendizagem marcaram o dia a dia dos educadores e equipes pedagógicas, que buscavam, de alguma forma, promover e possibilitar os aprendizados não alcançados durante o período de distanciamento social e escolas fechadas.
Com o final do ano letivo batendo à porta, o que ainda é possível fazer para apoiar a caminhada dos estudantes? Para Cléa Maria, consultora e doutora em educação, mais do que criar novos nomes para processos antigos, deve-se pensar em estratégias que coloquem os jovens como agentes ativos no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.
“Tendo a considerar a lógica do reforço e da recuperação como caminhos muito centrados nos conteúdos e nos docentes, contribuindo para a manutenção de uma abordagem transmissiva de formação. Precisamos pensar novas rotas que coloquem os alunos como sujeitos desse processo, para que se engajem de modo efetivo e eficaz no planejamento e realização de atividades que resultem no desenvolvimento das habilidades previstas para sua etapa de escolarização”, explica.
Segundo a especialista, repetir essa lógica de transmitir conteúdos que não dialogam com a realidade ou com as necessidades e perguntas dos alunos não permite novas conquistas. “Creio que apostar em estratégias que os coloquem em ação e estejam focadas no desenvolvimento de habilidades e não no acúmulo de conteúdos seja uma das chaves do sucesso.”
Otimismo apoia desenvolvimento
Já que o engajamento dos estudantes é condição inicial e, sem ele, nada poderá ser feito, é necessário também trabalhar a motivação de crianças e jovens, para que sejam mobilizados e tenham iniciativa para aprender.
Nesse sentido, é importante que eles acreditem em si mesmos e em suas capacidades, o que, segundo Cléa, pode ser encorajado a partir de uma cultura de altas expectativas, combatendo sistematicamente o que chama de cultura do fracasso.
A ideia é que a comunidade educativa deixe claro, e de maneira explícita, as altas expectativas quando o assunto é aprendizagem dos educandos, reafirmando que professores e demais educadores e membros da comunidade são parceiros na jornada de assegurar os direitos de aprendizagem.
“Escutar, propor, oferecer ferramentas e recursos de apoio e se mostrar presente e interessado certamente fortalecerão a crença e capacidade desses estudantes de superarem seus desafios e preencherem suas lacunas de aprendizagem”, aponta Cléa.
Importância do diagnóstico
Para criar um reforço ou avaliação que faça sentido considerando o caminho percorrido em 2022, Cléa julga fundamental que professores e equipes pedagógicas criem um ciclo virtuoso que envolve o diagnóstico do problema, análise, tomada de decisão e planejamento de práticas educativas complementares entre si para garantir o que não foi desenvolvido como deveria no tempo regulamentar de aprendizagem no contexto escolar.
Um caminho para isso é, segundo a consultora, criar e fortalecer comunidades de aprendizagem nas escolas que reconheçam a potência do caminho percorrido, entendendo seu ponto de partida, de chegada e os avanços nesse meio, e que consigam projetar os seus passos seguintes tendo em vista o que precisa ser conquistado para diminuir o déficit de aprendizagem.
Dicas e estratégias
Cléa lista uma série de possibilidades para as atividades de final de ano como oportunidades para promover aprendizagens ainda em 2022. Entre elas, estão:
– curadoria de materiais de apoio;
– adoção de estratégias engajadoras;
– propor e orientar o desenvolvimento de projetos que promovam aprendizagem entre pares;
– adotar práticas de avaliação formativa, incentivando que os estudantes façam reflexões sobre o aprenderam e o que ainda precisam aprender;
– orientar o estabelecimento de metas e parcerias.
A especialista reforça o potencial da colaboração entre pares como forma de ampliar espaços e tempos de aprendizagem. Um caminho possível é propor a reflexão e identificação das lacunas de aprendizagem e, a partir disso, orientar o desenho de um plano de estudos que combine momentos individuais de estudo com trocas entre os alunos por meio de mentoria. Esse modelo possibilita o desenvolvimento de múltiplas competências e habilidades, como cognitivas, relacionais, pessoais e produtivas.
“Apostar na capacidade dos estudantes de identificar e resolver em regime de colaboração os seus desafios de aprendizagem é um caminho muito convergente com a construção da autonomia, além de não tributar toda a responsabilidade aos docentes. Penso que em resumo a chave está em estabelecer iniciativas que coloquem o jovem como agente ativo no processo, que reforcem a crença da escola na sua capacidade de aprender e que há pessoas dispostas a lhes dar suporte, inclusive seus próprios pares”, completa Cléa.
O trabalho pais e escola tem que estar sempre juntos.
O professor tem que envolver alunos e escola pra ser bom resultado para todos assim cria um amor entre aluno e escola.
vc precisa dedicar o máximo com o aluno pra ele sentir que ele e capaz
Fazer uma avaliação diagnóstica de início e assim identificar onde o aluno tem mais dificuldade