Livros infantis para trabalhar costumes, cultura e tradições dos povos indígenas

Neste mês de abril, no qual são celebrados os dias do Livro Infantil (18/04) e do Índio (19/04), confira indicações de obras literárias escritas por autores indígenas para ler com as crianças na escola durante o ano inteiro

Recentemente, o Brasil e o mundo têm acompanhado a força de mobilização que os povos indígenas do país têm frente à violação de seus direitos. Muitos líderes e representantes têm abordado questões que não são novidades, como garimpo, desmatamento, genocídio, invasão e exploração de terras, que acontecem desde a chegada dos portugueses e da colonização. É possível abordar a questão dos direitos dos povos tradicionais com crianças, desde que de forma adaptada à faixa etária. Uma estratégia para isso é usar livros infantis escritos por autores indígenas. 

“Mais do que garantir acesso a um patrimônio nacional, a oferta de obras literárias produzidas por grupos indígenas às crianças proporciona o desenvolvimento de um olhar sensível e crítico acerca das visões de mundo tão plurais em um país com dimensões gigantescas como o Brasil”, explica Juliana Pádua, consultora pedagógica e membro do grupo de pesquisa “Produções literárias e culturais para crianças e jovens”, da Universidade de São Paulo (USP). 

Para a doutora em letras, levar a produção literária indígena para escola significa ouvir aqueles que protegem e mantêm as raízes das identidades do Brasil. “Acredita-se que oportunizando o conhecimento da riqueza de saberes e de histórias desses povos a partir da literatura de infância, é bem possível que se forme uma geração verdadeiramente preocupada com a preservação desse patrimônio humano – os indígenas –, cultural – as tradições e as narrativas – e material – suas terras.” 

Além de ler obras escritas, também é importante considerar que a literatura dos povos originários, como explica Juliana, é multimodal, isto é, é composta também por expressões orais, visuais e corporais. 

A leitura com crianças e a valorização dos povos indígenas são temas devem estar presentes ao longo de todo o ano letivo, mas existem datas em que a sociedade propõe uma reflexão especial sobre eles. É o caso dos dias 18 de abril, data que celebra o Dia Nacional do Livro Infantil, e 19 de abril, Dia do Índio.

Em função disso, a Vivescer contou com a ajuda de Juliana para reunir indicações de obras infantis escritas por autores indígenas que podem ser trabalhadas de forma intencional durante o ano inteiro.

Confira a lista a seguir. 

A boca da noite

Cristino Wapichana e Graça Lima
Zit Editora

O premiado livro conta a história de Kupai, menino do povo Wapichana. Junto com seu irmão Dum, ele sobe a Laje do Trovão, o lugar mais perigoso da aldeia onde mora, para descobrir a resposta de algumas perguntas, como: o que acontece com o sol depois que mergulha no rio? Ele passa a noite lá dentro? Às indagações soma-se a história da boca de noite, que seu pai conta antes de dormir. 

Confira. 

O pássaro encantado

Eliane Potiguara e Aline Abreu
Jujuba Editora

Ao abordar relações familiares, o livro destaca o importante papel dos avós para os povos indígenas. São figuras conhecedoras das memórias, tradições e cultura dos povos, responsáveis por passá-las para frente a partir de histórias que compartilham com os netos. 

Confira. 

As fabulosas fábulas de Iauaretê

Kaká Werá Jecupé e Sawara
Editora Peirópolis

Kaká Werá, índio de origem Tapuia, apresenta, em seu livro, lendas do povo Guarani, como a fábula de Iauaretê, uma onça-rei que dia vira um guerreiro kamaiurá e casa-se com Kamakuã. Juntos, eles têm os filhos Juruá e Iauaretê-Mirim, que perseguem o pássaro Acauã para conseguir a pena mágica e voar até Jacy-Tatá, a mulher-estrela senhora do segredo dos poderes dos pajés. As histórias falam sobre inúmeros temas e sentimentos, como amor, medo, coragem, dúvida, paz e oportunidades. 

Confira. 

Kunumi Guarani

Wera Jeguaka Mirim e Gilberto Miadaira
Panda Books

A obra apresenta a vida do menino Werá Jeguaka Mirim, do povo guarani. Ao longo de 24 páginas com ilustrações coloridas, ele conta sobre a aldeia onde mora, como é sua casa, suas brincadeiras preferidas e os detalhes da cultura de seu povo. 

Confira. 

Kabá Darebu

Daniel Munduruku e Maté
Brinque-Book

Do famoso Daniel Munduruku, o livro também traz uma criança indígena contando as histórias e costumes de seu povo. Kabá Darebu, do povo Munduruku, fala sobre sua relação com os pais, como eles ensinam a fazer silêncio e ouvir os sons da natureza, a observar e ouvir o que o rio tem para dizer e muitas outras formas de se relacionar com os elementos que compõem a natureza. 

Confira. 

Contos da floresta

Yaguarê Yamã e Luana Geiger
Editora Peirópolis

Com 64 páginas, a coletânea apresenta mitos e lendas do povo Maraguá, que, na região do Baixo Amazonas, é conhecido como ‘povo das histórias de assombração’. Entre lendas, animais fantásticos e acontecimentos mágicos, as histórias de suspense apresentam personagens que têm uma relação próxima com a floresta. O livro também traz um glossário com termos da Língua Regional Amazônica e do idioma Maraguá. 

Confira. 

Coleção ‘Um dia na aldeia’

Autores diversos
Editora SESI-SP

A coleção ‘Um Dia na Aldeia’ reúne seis obras de diferentes autores que trabalham questões como monstros da floresta, o dia a dia de meninos indígenas e o papel dos mais velhos em passar os conhecimentos ao mais novos. Cada livro vem acompanhado do filme que o inspirou, feito por cineastas indígenas ou com a colaboração dos índios. 

  • A história de Akykysia, o dono da caça (Confira); 
  • Palermo e Neneco (Confira); 
  • Depois do ovo, a guerra (Confira); 
  • A história do monstro Khátpy (Confira); 
  • No tempo do verão (Confira); 
  • Das crianças Ikpeng para o mundo (Confira). 

Fique por dentro

Muitas das obras mencionadas têm em comum um elemento fundamental para as crianças indígenas: a relação com a natureza.

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Respostas

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  1. Acredito que as temáticas que envolve o contexto dos estudantes são gratificantes para serem trabalhados, pois envolve a cultura de povo, desperta a curiosidade dos estudantes sobre o que vão estudar e aprender. E o objetivo desse trabalho è conscientizar e transformar a realidade que eles estão inseridos.