Com olhar atento do professor, trabalho em grupo melhora comunicação e troca de conhecimento entre estudantes

Novo material da Vivescer traz dicas e passo a passo para professores potencializarem aprendizados dos estudantes a partir da interação com colegas

Não é incomum encontrar adultos que, depois de terem passado pela escola e universidade, tenham verdadeiro pavor de trabalhos em grupo. A verdade, entretanto, é que essa metodologia, quando desenvolvida corretamente com acompanhamento do professor, pode ajudar os estudantes a desenvolver sua capacidade argumentativa, bem como o reconhecimento e valorização de diferentes contribuições. 

Esse é o principal tema da nova publicação da Vivescer, “Trabalho em grupo: como organizá-lo de forma eficiente na sala de aula?”, pensada para estimular que professores reflitam sobre as melhores maneiras de propor trabalhos em grupo.

Essa estratégia de ensino-aprendizagem trabalha diversas competências da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), como conhecimento, pensamento científico, crítico e criativo, comunicação, argumentação e responsabilidade e cidadania. 

Prática fundamental 

Antes mesmo de pensar em estratégias para incentivar que os estudantes trabalhem juntos em sala de aula, deve-se considerar a importância dessa metodologia. Érica de Faria, mestre em Educação pela Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) e formadora de professores e gestores, considera o trabalho em parceria uma condição didática, uma vez que, para aprender, a interação com o outro, mais do que bem-vinda, é necessária. 

“Muito calcada na teoria de aprendizagem de (Lev) Vygotsky, é na interação com o outro que posso me beneficiar da competência dele para poder avançar nos meus conhecimentos e aprender. Então, é fundamental pensarmos nas interações quando planejamos qualquer situação didática para todos os componentes curriculares, ou seja, como favorecer boas interações para que haja uma circulação de informações na sala”, defende Érica. 

Trecho da publicação da Vivescer reforça a importância desse modelo de proposta: “Quando incluímos em nosso planejamento situações de trabalho em grupo, favorecemos a construção, por parte de nossos estudantes, das bases de sua relação com o outro, o fortalecimento de uma imagem positiva de si, a habilidade argumentativa, a capacidade de considerar outros pontos de vista e a construção de conhecimentos de forma significativa.” 

A divisão dos grupos 

Parte importante das atividades conjuntas é a própria escolha dos estudantes que irão compor o grupo. Por mais que seja mais divertido trabalhar com o melhor amigo ou amiga, essa nem sempre é a melhor escolha do ponto de vista pedagógico. 

Érica defende que o professor precisa pensar em critérios que beneficiem o agrupamento. Para exemplificar, ela cita a alfabetização, fase na qual, em situações de trabalho conjunto, as crianças precisam se juntar a colegas com conhecimentos próximos, pois não é aconselhável unir quem já sabe ler e escrever com um colega que ainda está distante dessa realidade.

“Nós costumamos dizer que esse não é um agrupamento produtivo. Em compensação, quando as crianças estão produzindo um texto, pode ser interessante juntar aquelas que já escrevem alfabeticamente com uma que ainda não escreve. Há critérios para cada situação didática que podem potencializar o conhecimento e a aprendizagem, e isso o professor precisa considerar de acordo com o seu componente curricular.” 

No entanto, a educadora defende que os professores podem contar a ajuda dos próprios estudantes para dividir os grupos a partir da criação de um mapa social. Cada estudante deve, em uma folha de papel, escrever o nome de três colegas com quem trabalha bem. Na hora de formar os agrupamentos, o professor pode considerar, além do conhecimento dos estudantes, os nomes dos colegas que colocaram na folha.  

Também é possível definir, por exemplo, um dia na semana em que os alunos sentarão juntos durante as aulas, seguido de uma autoavaliação para que possam refletir se a parceria com o colega foi produtiva ou não.

“O sentar junto para as crianças também deve estar vinculado a essa ideia de aprender junto. Elas precisam pensar progressivamente, cada vez com mais autonomia e fazer essas escolhas. Enquanto os menores ainda não dão conta disso, os estudantes maiores precisam saber com quem se dão bem para o trabalho em grupo.” 

Importância do acompanhamento

Muitas pessoas vão se lembrar de que, enquanto os alunos realizavam as atividades em grupo na sala de aula, o professor ou professora reservava esse tempo para colocar os diários de classe em dia ou corrigir provas. Érica ressalta que os momentos de atividades em grupo demandam atenção constante para entender quais duplas, trios ou grupos trabalham bem juntos e quais não dão tão certo. 

Esse acompanhamento é fundamental não só para que o professor tenha critérios mais claros e informações válidas para ajudá-lo na próxima divisão dos estudantes, mas para que possa incentivar que as crianças e jovens façam o melhor proveito possível das atividades. 

Érica explica que as intervenções durante o trabalho em grupo podem ser de dois tipos. Uma delas é relacionada ao conteúdo que está sendo estudado. Ou seja, a partir de provocações e desafios ajustados às capacidades dos alunos. O outro tipo de intervenção diz respeito ao próprio trabalho em grupo. 

“Ouvir o outro e aceitar suas ideias não é algo simples. Para que as crianças possam aprender a como trabalhar em grupo com o colega, como ouvir e negociar caminhos, o professor precisa acompanhá-las e mostrar que às vezes a ideia do outro é melhor do que a minha e tudo bem, o grupo está ali em prol de um objetivo comum. Esse é um super desafio”, comenta.  

Passo a passo 

A publicação da Vivescer traz um exemplo de passo a passo para potencializar o trabalho em grupo em sala de aula. O percurso pode ser adaptado de acordo com as propostas e necessidades de cada turma e professor. Confira um exemplo abaixo: 

  1. Introduzir a temática a ser trabalhada com uma leitura coletiva de um texto ou uma obra, seguida de um debate; 
  2. Escolha dos grupos e apresentação da proposta de trabalho, com a definição de um cronograma e sugestões de materiais de pesquisa; 
  3. Aulas que serão destinadas ao trabalho em si; 
  4. Etapa de avaliação, promovendo, inclusive, momentos de autoavaliação para que os estudantes possam refletir sobre seu processo de aprendizagem. 

O material na íntegra está disponível neste link.

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