A organização da sala de aula como aliada no ensino e na aprendizagem
Saiba como a organização do espaço pode influenciar o modo como os professores e os estudantes se sentem, pensam e se comportam
Protocolo, palavra que parecia tão distante do vocabulário utilizado no dia a dia dos educadores, pertencente a outras profissões, agora está na boca até de crianças pequenas. Os protocolos – sem dúvida criados para garantir a segurança e saúde de todos – precisaram ser aprendidos, compreendidos, postos em ação e demandaram atenção e esforço por parte de toda comunidade escolar.
Agora, os protocolos já não são novidade e muitos deles estão incorporados nas pequenas ações diárias que realizamos com naturalidade – utilizar máscaras, lavar as mãos com frequência, higienizar-se com álcool, manter distância… Crianças e jovens “tiram de letra” e inclusive orientam, por vezes, os adultos.
O retorno ao presencial trouxe o desafio de adequar os espaços aos protocolos, mas uma vez que a segurança de todos que a habitam está garantida, que tal voltarmos a olhar para a sala de aula com intenções pedagógicas?
Para observar e refletir
Observe sua sala de aula. O que ela comunica? A quem pertence esse espaço? Há protagonismo por parte dos estudantes? O espaço se mantém com a “mesma cara” do início ao final do ano, ou muda? Você planeja a ocupação e distribuição da sua sala – o que tem nas paredes, localização das carteiras, materiais acessíveis aos alunos? Seus alunos participam de decisões ou escolhas que impactam o ambiente? Você já parou para pensar na intencionalidade pedagógica por trás de cada elemento que compõe a sala de aula?
Ufa! São muitas as perguntas que podemos fazer para refletir sobre a sala de aula. Elas podem nos apoiar a desnaturalizar o olhar e identificarmos os modelos mentais que estão por trás de cada escolha, mesmo quando acreditamos que “sempre foi assim” ou que não se tratava propriamente de uma escolha.
Partindo do pressuposto que abre essa matéria, de que o ambiente físico pode influenciar o modo como os professores e os estudantes se sentem, pensam e se comportam, incluímos algumas perguntas específicas que apoiam a reflexão nesse sentido:
- Há ligação entre o ambiente da sala de aula e o comportamento dos estudantes?
- A organização física da sala de aula interfere no aprendizado das crianças?
- Diferentes organizações do espaço favorecem diferentes tipos de aula?
- A forma como organizamos as mesas pode favorecer a interação entre os alunos e entre alunos e professor?
Para ajudar a pensar sobre isso, recorremos a Fred Steele (1973), um consultor no campo do desenvolvimento organizacional. Vamos destacar cinco funções da sala de aula mencionadas por ele:
1. Segurança e abrigo: além da segurança física do prédio, a segurança psicológica é um dos fatores importantes para os alunos poderem aprender num espaço propício para isso. A ideia é que eles desfrutem o máximo possível de liberdade na sala sem interferência. Isso inclui pensar em todos os alunos e suas necessidades específicas e, a depender dos objetivos da aula, é preciso organizar o espaço de modo a favorecer privacidade criando áreas reservadas e até mesmo com divisórias, se possível.
2. Contato Social: dois aspectos são essenciais para pensar na organização do espaço, a interação entre os alunos e a interação entre aluno e professor. Enquanto um grupo de carteiras pode facilitar o contato e a discussão entre os alunos (imagem A), as fileiras com uma carteira atrás da outra podem facilitar a atenção dos alunos quando é o professor quem faz contato com todos os estudantes (imagem B). Um outro exemplo é o da imagem C, com carteiras organizadas com propósito de promover uma discussão entre todo o grupo.
3. Identificação simbólica: trata-se de identificar no espaço as informações que ele comunica sobre o professor, seus alunos e a disciplina. O que a sala de aula, por exemplo, diz sobre os objetivos do professor, seus valores, suas visões sobre a educação? O que a sala diz a respeito dos alunos, suas atividades, suas origens, realizações e preferências? Saber que tudo como é organizado e exposto revela um trabalho e uma forma de pensar esse trabalho.
4. Instrumentalidade de tarefas: a depender de cada atividade proposta, é importante que os alunos saibam o que é preciso fazer e quais materiais buscar, por isso ter um lugar para os materiais usados frequentemente e que eles sejam acessíveis a todos os alunos é uma premissa básica. Posicionar a mesa do professor em um lugar que favoreça a circulação, bem como as carteiras de modo que haja vias de passagem de modo que não atrapalhe os demais estudantes.
5. Prazer: ter um ambiente confortável, esteticamente agradável é um aspecto importante a ser considerado. Objetos como quadros de aviso, plantas e cores podem deixar a sala mais harmônica.
Você sabia que é possível desenvolver a competência ambiental?
Trata-se da consciência do ambiente físico e do seu impacto e a habilidade de conectar este ambiente em prol de seus objetivos.
Veja algumas dicas que podem apoiar o planejamento da sua sala de aula:
O professor como planejador do ambiente
- Pense nas atividades que a sala irá acomodar e se a organização espacial favorece a realização das mesmas;
- Pense se os alunos de sua sala de aula tem necessidades especiais que exigem modificações no ambiente;
- Pense nas necessidades dos outros adultos da sala (que compartilham o mesmo espaço em diferentes momentos ou que apoia sua prática docente);
- Desenhe uma planta baixa;
- Envolva os alunos nas decisões sobre o ambiente;
- Tente o novo arranjo, avalie e planeje novamente.
O planejamento cuidadoso do ambiente da sala de aula é uma parte integrante da gestão do professor, pois criar uma sala de aula confortável e funcional é um modo de mostrar aos seus estudantes que você se importa com eles.
Fique por dentro
No curso Mente, temos um módulo chamado Experiências Cognitivas. Nele, você pode saber mais sobre modelos mentais, como eles refletem a forma como organizamos a sala de aula e novas estratégias para posicionar o aluno em um lugar ativo e protagonista na construção do conhecimento.
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Fonte: Weinstein, Carol Simon e Novodvorsky, Ingrid. Gestão da Sala de Aula. Porto Alegre, Ed. Penso/Mc Graw Hill Education, 2015. Páginas 24 a 43.
Gosto muito das atividades em grupo.
Olá, sempre faço revezamento, às vezes uma atrás da outra, às vezes em círculo ou em grupos.
O trabalho em grupo faz com que os alunos se interage e desenvolva junto com os demais.
lucileia. melo2017@gmail.com
O Vivescer, a cada dia, nos dá propostas, para desenvolvermos, uma aula significativa, prazerosas e que atenda às necessidades dos nossos alunos.
Mesmo sem nunca ter ouvido falar do Fred Steele…nas práticas diárias da sala de aula, percebi que há uma maior interação dos alunos qdo as cadeiras são agrupadas por três alunos (que são escolhidos aleatoriamente) com o objetivo de trazer o aluno a trocar ideias com os demais. Com isso, promover mais interação com a sala no todo, sem deixar aquele aluno do “fundão” somente lá, mas trazê-lo a vivenciar novas experiências em outro espaço da sala.
o trabalho em grupo é muito importante, pois favorece um bom desenvolvimento.
gosto muito de fazer esses cursos
O trabalho em grupo pode ser muito eficaz, quando o professor usa estratégias de inclusão para que, todos sintam-se inseridos no grupo.
Os trabalhos em grupo é um conhecimento de grande valia e faz com que os alunos se interage e desenvolva junto com os demais.