Saia do óbvio: Ideias para ir além com a avaliação da aprendizagem
Nem sempre as provas tradicionais dão conta de avaliar o desempenho dos alunos. Conheça outros modelos de avaliação que te farão ‘’sair da caixinha’’
Quando o assunto é avaliação, testes de múltipla escolha e questões dissertativas são as primeiras ideias que vêm à cabeça. Apesar de essas estratégias serem muito conhecidas, nem sempre dão conta de investigar o conhecimento dos estudantes, muito menos sinalizar o desenvolvimento de habilidades ou indicar a necessidade de mudanças na rota da aprendizagem. Para isso, é preciso fugir do óbvio e ir além da prova tradicional.
De acordo com a pesquisa Inovação em avaliações para medir e dar suporte a competências complexas, publicada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com apoio do instituto Unibanco, é essencial inovar nas avaliações para enfrentar os desafios atuais da educação. “É fundamental que nossas avaliações representem melhor as formas de conhecimento e competência, além dos tipos de aprendizagem que queremos enfatizar em nossas salas de aula, para que funcionem positivamente dentro do sistema educacional”, destaca o documento.
Em muitos casos, além de não ser a melhor maneira de identificar conhecimentos e competências, as avaliações tradicionais também podem induzir uma cultura escolar de memorização, como alerta o professor e analista pedagógico Edinei Reis, que atua com turmas do ensino médio em Minas Gerais. “A prova escrita acaba ‘medindo’ quanto conteúdo o aluno foi capaz de reter em sua memória para responder às perguntas do teste. O resultado da prova escrita não demonstra realmente o conhecimento do estudante sobre o assunto, mas sim que ele teve boa memória para lembrar de fatos sobre o conteúdo, que podem ser esquecidos pouco tempo depois da aplicação do teste”, afirma.
A avaliação dos estudantes pode ser divertida
Como alternativa à avaliação tradicional, Edinei propõe desafios durante as aulas de matemática. No primeiro bimestre do ano, por exemplo, desenvolveu um projeto chamado Hashtag, que estimulava os alunos a monitorarem três hashtags de um tema de interesse, a fim de observar o volume de publicações.. “Os dados permitiram a representação de um Diagrama de Venn, com as interseções entre os conjuntos e com a possibilidade de trabalhar com operações matemáticas”, explica.
Para avaliar essa atividade, o professor pediu que os estudantes elaborassem cartazes e organizassem uma exposição na escola. Cada grupo, então, tinha a missão de avaliar outras duas equipes, oferecendo elogios e críticas construtivas.
Já nas turmas em que Edinei trabalha com o componente curricular de Tecnologia e Inovação, a estratégia para avaliar os circuitos elétricos criados pelos alunos envolveu conversas de feedback e a construção de portfólios, com a documentação de trabalhos feitos ao longo de dois bimestres. “É preciso conhecer e começar a propor práticas diferentes de avaliação aos estudantes, de forma que eles possam participar ativamente da construção de conhecimentos, registrando o desenvolvimento de seus trabalhos, que serão avaliados com critérios previamente definidos pelo professor (ou grupo de professores, no caso de trabalhos interdisciplinares)”, recomenda.
No Colégio Caetano Álvares, em São Paulo (SP), a professora de matemática Rizzo Fidalgo também testa novos modelos de avaliação com a sua turma dos anos finais do ensino fundamental. “Considero que é importante avaliar de formas variadas para identificar diferentes habilidades dos meus alunos”, sugere. Entre as estratégias, ela costuma investir na construção de mapas mentais, no desenvolvimento de projetos e na gamificação por meio quizzes e plataformas.
A professora Silmara, por sua vez, usou a Fórmula de Bhaskara, o Teorema de Pitágoras e as Equações de Segundo Grau como base para a criação de paródias, poesias, histórias e produções multimídia pelos alunos. “Eu me surpreendi porque tiveram trabalhos maravilhosos”, conta. “O estudante não precisa ser avaliado apenas por uma prova escrita, ele pode demonstrar o que aprendeu de outro jeito”, segure a professora.
No entanto, como dica para quem vai começar a construir novos formatos de avaliação, a professora sugere fazer pequenas experimentações. “Não precisa começar com muitas coisas de uma vez. Em um bimestre, você tenta gamificar uma avaliação, no outro trabalhar com mapas mentais. Depois experimenta pedir para os alunos produzirem vídeos. Tudo isso pode ser feito aos poucos, intercalando no começo com a prova tradicional”, recomenda.
A partir das experiências dos educadores ouvidos pela Vivescer, confira algumas estratégias que podem ser utilizadas para fugir do óbvio na avaliação dos estudantes:
Mapas Mentais
Úteis para verificar se os alunos conseguem fazer conexões entre temas e resumir conceitos-chave.. Com cores, linhas e formas, também são ótimos instrumentos para liberar a criatividade e reforçar os conceitos estudados. Sem contar que são versáteis, podem ser produzidos no papel ou em plataformas digitais.
Portfólios
Ferramentas de documentação e acompanhamento das atividades que foram desenvolvidas pelos estudantes. Com essas produções, reunidas em uma pasta ou em uma plataforma digital, os professores conseguem ter uma visão clara sobre conhecimentos, habilidades e competências que foram adquiridas ao longo do processo de aprendizagem.
Autoavaliação
Além de estimular o protagonismo dos estudantes, que também participam de forma ativa do processo avaliativo, essa estratégia ajuda na identificação de pontos fortes, erros e dificuldades que surgiram durante o processo. Dessa forma, contribui para a tomada de consciência sobre as competências e habilidades que precisam ser aprimoradas.
Avaliação por pares
Incentiva os estudantes a contribuir para o desenvolvimento de seus colegas, fazendo elogios e sugestões construtivas para as produções feitas por outros grupos, sempre com a mediação do professor.
Gamificação
Se a ideia é fazer verificações rápidas, as plataformas para construção de quizzes podem ser grandes aliadas. Seja no Kahoot!, no Quizizz ou em qualquer outra ferramenta, é possível adicionar uma pitada de diversão, com experiências gamificadas e competições saudáveis entre a turma.
Trabalhos, desafios e projetos
Mais interessante do que responder a uma questão fechada, trabalhos e desafios podem estimular os estudantes. Pesquisas, entrevistas, produções de mídia, criação de peças de teatro e gravações de podcasts são apenas alguns dos caminhos possíveis. Durante o desenvolvimento e a apresentação do resultado, os professores podem identificar outros aprendizados que não estariam visíveis em uma resposta escrita.
Francisconunnes08@gmail.com
Muito bom o artigo, amei!
Dicas muito boas com metodologias ativas.
Ótimo artigo. Nós professores sabemos dessa diversidade de avaliações, e na carreria do dia a dia nos pegamos avaliando com o mesmo método sempre. Ler um artigo desse nos daz lembrar de mudar.
Contribuir com apresentação dos desafios da avaliação e produção do aprendizagem dos estudantes.
Ótimo material!
Grata por compartilhar boas ideias e boas práticas.