Trabalhar empreendedorismo social na escola ajuda a engajar crianças e jovens com transformações

A  escola deve ser encarada como laboratório de inovação social e espaço de todos, onde há um esforço conjunto para solucionar desafios globais ou locais, diz especialista

“O conceito de empreendedorismo vem de ter iniciativa, de querer realizar algo e, por isso, vai além de montar um negócio.” 

A frase é de Pedro Verda, diretor de inovação e relacionamento da Verda, laboratório global de inovação social para impacto positivo. Pedro reforça que, mais do que interessante, é necessário abordar o assunto na escola com crianças e jovens. 

Se você ainda não está convencido, ele continua: “Quando trazemos o conceito de empreendedorismo social para a educação, estamos falando sobre a possibilidade de formar uma sociedade de ‘fazedores’ de impacto positivo. Dentro da escola, isso vai desde o estímulo de um olhar mais crítico perante os desafios sociais e ambientais no entorno da instituição, até mesmo a explanação sobre a possibilidade de se gerar receita por meio de um negócio que equilibra lucro e propósito.” 

Escola como um laboratório 

Encarar a escola como um laboratório de inovação social, como cita Pedro, abre inúmeras possibilidades para explorar o auge das capacidades criativas de crianças e jovens com o apoio da comunidade escolar, envolvendo educadores e familiares. 

Portanto, falar de empreendedorismo na escola significa conectá-la e endereçar os desafios do mundo, da cidade ou do bairro, inovar em práticas que repensem o modelo educacional e promover o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida. 

Isso envolve, segundo Pedro, uma mudança de postura, que deixa de enxergar o espaço escolar como algo exclusivo dos estudantes e passa a ser visto como um lugar da sociedade. “Geralmente, as escolas contam com espaço físico propício a reunir pessoas e é bem possível que estejam localizadas em lugares estratégicos dos seus respectivos bairros. Ou seja: elas são as grandes plataformas de transformação social em potencial e o empreendedorismo social passa a ser uma grande ferramenta desse laboratório”, comenta.

Pensamento empreendedor desde cedo 

Fazer uma análise crítica do cenário social e dedicar tempo e esforço para pensar em soluções inovadoras para os desafios de interesse comum é uma postura cada vez mais exigida dos estudantes, sobretudo diante do mais recente exemplo de emergência mundial – a pandemia da Covid-19. 

Senso crítico, criatividade, colaboração e capacidade realizadora são algumas das competências citadas por Pedro necessárias para prevenir ou mitigar questões sociais.  

“Todas essas características podem ser desenvolvidas e estimuladas quando envolvemos crianças e jovens em processos de criação de soluções para desafios socioambientais. A pandemia escancarou a necessidade de desenvolvermos uma sociedade de inovadores sociais. E o empreendedorismo social é uma das principais ferramentas a serem utilizadas para alcançarmos tal objetivo.” 

Estimular que crianças e jovens pensem a respeito de questões sociais e como resolvê-las também é um caminho promissor para trabalhar as competências gerais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). 

Para Pedro, o processo de perceber e investigar desafios socioambientais e criar soluções (que podem ser ações, projetos e até mesmo negócios num sentido mais mercadológico) faz com que os jovens ativem habilidades essenciais para a futura jornada profissional. 

Como promover o empreendedorismo na escola? 

É indiscutível que, se na escola o tema ainda é novo, na formação de educadores é quase ausente. Entretanto, algumas iniciativas já começam a perceber a importância de orientar os professores a trabalhar o tema com seus alunos. 

O Guia Empreendedorismo Social na Educação, elaborado pelo Porvir, British Council e Oi Futuro, traz a definição de empreendedorismo social e explica como e porque pode e deve ser aplicado na educação. Além disso, o material lista dicas de implementação e traz exemplos de casos reais a respeito das seis dimensões fundamentais para a construção e implementação de um projeto de empreendedorismo social na escola: comunidade escolar, território, currículo, práticas pedagógicas, formação de professores e avaliação. 

Outra iniciativa é o programa Bora Impactar, realizado em 2021 pela Verda Academy em parceria com o Sebrae Minas, que ofereceu formação para mais de 400 educadores da rede pública do Triângulo Mineiro com foco em empreendedorismo social na educação. 

Saiba mais 

Além dos exemplos acima, Pedro cita outros casos de empreendedorismo social na educação que podem ser fonte de inspiração para escolas e redes de ensino: 

Ashoka – Organização que reúne uma rede de empreendedores e transformadores sociais no mundo.  

Criativos da Escola – Alana – Iniciativa que engaja e incentiva que crianças e jovens identifiquem problemas e desafios de suas realidades e unam esforços para resolvê-los. 

Pense Grande – Fundação Telefônica Vivo – Programa que incentiva jovens a debater sobre seus projetos de vida, encarando as tecnologias digitais como aliadas no desenvolvimento de competências e na solução de desafios do dia a dia. 

Programa Jovens de Impacto – Verda e Sebrae Pernambuco – Jovens da rede pública do ensino médio participaram de uma jornada empreendedora que envolveu a cocriação e a realização de ações de intervenção no entorno da escola.

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